Um desenho preparatório do quadro “A Ronda da Noite”, de Rembrandt, foi descoberto durante a operação de restauro da obra, que já dura há mais de dois anos, anunciou esta quarta-feira o Rijksmuseum, de Amesterdão.

“A descoberta do desenho representa um avanço nesta investigação. Sempre suspeitámos de que Rembrandt deveria ter feito um rascunho na tela antes de embarcar nesta composição incrivelmente complexa, mas não tínhamos as provas. Somos agora capazes de olhar sob a superfície da tinta melhor do que em qualquer outro momento e temos provas, que nos dão um verdadeiro entendimento, pela primeira vez, de como o quadro foi feito”, disse o diretor do Rijksmuseum, Taco Dibbits, citado em comunicado.

O responsável do museu nacional dos Países Baixos rematou: “Descobrimos a génese de ‘A Ronda da Noite'”.

Segundo o museu, esta descoberta só foi possível graças a novas tecnologias que permitem observar através das camadas de tinta “e analisar em detalhe os materiais que Rembrandt usou”, tendo sido descoberto o uso de uma tinta pelo artista que nunca a utilizou em qualquer outra obra.

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“Cada novo detalhe dá-nos mais uma perspetiva sobre o processo criativo de Rembrandt. A sua ideia original, os seus processos de pensamento e as suas escolhas artísticas. Uma abordagem transversal como esta teria sido impossível há alguns anos, o que significa que a ‘Operação Ronda da Noite’ está a criar um novo padrão para o estudo de pintura”, disse, por seu lado, a responsável pelo departamento de conservação do museu, Petria Noble.

Para esta especialista, o que se está a revelar permite um novo olhar sobre os demais trabalhos de Rembrandt, porque agora “sabe-se o que procurar”.

Lançado em julho de 2019, o projeto de restauro e investigação do quadro é o maior e mais ambicioso de sempre do Rijksmuseum.

A obra a óleo sobre tela mostra a guarda de Amesterdão sob o comando do capitão Frans Banning Cocq, e enquadra-se na tradição holandesa de retratos coletivos que surgiu na chamada idade de ouro da arte dos Países Baixos.

No âmbito do projeto, o Rijksmuseum criou uma caixa de vidro de grandes dimensões em volta da pintura para ser restaurada à vista do público, e transmitiu o processo em streaming.