O juiz distrital de Nova Iorque, Lewis Kaplan, rejeitou a tentativa do príncipe André em anular o processo de agressão sexual que foi movido contra ele. Segundo a Sky News, Kaplan recusou-se a arquivar o caso depois de ouvir os argumentos dos advogados do duque de York e da mulher que o acusa de abusos sexuais quando ainda era menor, Virginia Giuffre. Tal significa que o príncipe deverá enfrentar um julgamento nos Estados Unidos face ao caso em questão.

De acordo com a decisão de Lewis Kaplan, citada pela CNN, a queixa apresentada pela alegada vítima não é “vaga” nem “ambígua”. Na queixa são alegados “incidentes distintos de abuso sexual em circunstâncias particulares em três locais identificáveis”. “Identifica a quem atribui esse abuso sexual.” A decisão abre caminho para que, segundo Kaplan, um julgamento possa começar no final deste ano.

O Palácio de Buckingham recusou-se, entretanto, a prestar declarações sobre o caso, com um porta-voz a assegurar que não vão comentar sobre uma questão legal em curso.

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A audiência da semana passada, marcada desde novembro por um juiz norte-americano, foi desde o início vista como a derradeira esperança para a defesa do príncipe André, com o seu advogado, Andrew Brettler, a argumentar que o acordo firmado entre Virginia Giuffre, a alegada vítima de tráfico sexual, e Jefrrey Epstein seria algo definitivo para justificar o arquivamento do caso.

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O acordo confidencial no centro das atenções, que data de 2009, foi divulgado também na semana passada e mostra que Virginia Giuffre terá recebido 500 mil dólares (cerca de 420 mil euros) de Epstein para desistir do caso e para não contactar ninguém relacionado com o mesmo.

Já antes diferentes meios britânicos assinalavam que o acordo em questão poderia não descartar explicitamente uma ação legal contra a realeza, uma vez que não cita o nome do duque de York e contém apenas referências amplas aos associados de Epstein. Nele, Giufree concordou em “libertar, satisfazer e para sempre absolver” Epstein e “qualquer outra pessoa ou entidade que pudesse ser caracterizado como potencial arguido”.

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Virginia Giuffre, de 38 anos, acusa o príncipe André, 61 anos, de a forçar a ter sexo há mais de 20 anos, quando ainda era menor de idade, na casa da socialite britânica entretanto condenada Ghislaine Maxwell, na mansão de Jeffrey Epstein e também na ilha particular do norte-americano, que morreu na prisão.

O filho de Isabel II nega todas as acusações deste do início — foi, aliás, afastado das funções públicas após a transmissão de uma desastrosa entrevista, onde argumentou que, numa das três datas em que Giuffre diz ter sido forçada pelo duque, estava “em casa com as filhas” e tinha levado uma delas a uma festa no restaurante Pizza Express.

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Na audiência da semana passada, as equipas jurídicas tanto de Giuffre como do príncipe discutiram a importância do documento de 2009. Para a defesa, foi desde o início prova de que todo o processo civil deveria ser arquivado. Para os advogados da alegada vítima, algo “irrelevante” por o nome do príncipe não estar sequer mencionado.