O Complexo da Muzema, no Rio de Janeiro, controlado por milícias, foi esta quarta-feira ocupado pela Polícia brasileira, poucas horas após 1.200 agentes terem invadido a favela do Jacarezinho, num projeto de ocupação de comunidades afetadas pela criminalidade.

Polícia ocupa favela no Rio de Janeiro para “transformar” a vida das comunidades

No Complexo da Muzema, que engloba as comunidades da Tijuquinha e Morro do Banco, na zona oeste do Rio de Janeiro, o foco da atuação policial é o combate ao comércio ilegal de gás de cozinha, crimes ambientais e construções irregulares.

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No local encontram-se cerca de uma centena de agentes da Polícia Militar (PM) e da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que, nas primeiras horas da operação, já encontraram construções ilegais.

“Na sequência das ações na Muzema, mais construções sem licenças ambientais e de estruturação foram encontradas. Os polícias do Comando de Polícia Ambiental [da PM] continuam no terreno em busca de outras ilegalidades “, indicou a Polícia Militar na rede social Twitter.

Ainda de acordo com a corporação, as construções irregulares em causa “capitalizam recursos financeiros a grupos criminosos da milícia local”.

A região é a mesma onde dois prédios ilegais desabaram em 2019, matando 24 pessoas.

As autoridades estimam que as milícias controlem cerca de um quarto do território do estado do Rio de Janeiro.

Com início na década de 1990, as milícias eram compostas, principalmente, por ex-polícias, bombeiros e militares que queriam combater a ilegalidade nos seus bairros.

Durante anos, chegaram a ser elogiadas por políticos, incluindo o agora Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, um ex-capitão do exército que, como deputado, pediu a legalização das milícias em 2008.

No entanto, os seus métodos brutais e áreas de controlo expandiram-se até esta quarta-feira, segundo especialistas em segurança, estes grupos criminosos estão envolvidos em extorsão, negócios ilícitos e até homicídios.

Atualmente, alguns especialistas em crime argumentam que as milícias são a maior ameaça à segurança do Rio de Janeiro e que os seus métodos estão a ser copiados noutras cidades brasileiras.

Com o intuito de travar o crime na região, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, lançou esta quarta-feira o projeto “Cidade Integrada”, que, na prática, é uma reformulação do programa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), uma política implementada a partir de 2008 com o objetivo de combater e desarticular o crime organizado e o tráfico de drogas nas comunidades e favelas da região.

O “Cidade Integrada” prevê patrulhamento, investigações para desestruturar organizações criminosas e intervenções sociais.

De acordo com o portal de notícias G1, até ao momento, 32 pessoas foram detidas no âmbito do projeto “Cidade Integrada”, iniciado esta quarta-feira.

A primeira área a ser ocupada foi a favela do Jacarezinho, uma pobre comunidade do norte do Rio de Janeiro dominada pelo narcotráfico, que viu cerca de 1.200 agentes a invadir as suas ruas durante a madrugada desta quarta-feira.

A favela do Jacarezinho foi palco, em maio do ano passado, daquele que é considerado por organizações de direitos humanos como o maior massacre da história do Rio de Janeiro, pelos abusos cometidos pelos agentes durante uma ação policial, que durou nove horas e que matou 28 pessoas: 27 civis e um agente da polícia.

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