Os conservadores alemães da CDU elegeram hoje Friedrich Merz, antigo rival da ex-chanceler Angela Merkel, como novo presidente, com a tarefa de unir um partido dividido desde a derrota nas recentes eleições legislativas.

Os cerca de 980 delegados da União Democrata Cristã (CDU)- reunidos em Congresso por videoconferência devido à pandemia de covid-19 – votaram por quase 95% a favor de Merz, deputado de 66 anos e candidato único ao lugar de presidente do partido.

Friedrich Merz – que tentou sem sucesso assumir o cargo por duas vezes nos últimos anos – disse ter ficado “profundamente comovido” com a sua escolha.

Defendendo um regresso à linha conservadora tradicional do partido, após os anos de um posicionamento mais ao centro protagonizado pela ex-chanceler de Angela Merkel, Merz terá de relançar um partido que mergulhou numa profunda crise após a derrota nas eleições legislativas de 26 de setembro.

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O fraco desempenho eleitoral levou Armin Laschet, o líder cessante e candidato derrotado, a colocar o seu lugar em disputa.

Hoje, Merz pediu ao partido para cerrar fileiras à volta da sua liderança.

“Temos de ser uma oposição forte”, disse o novo presidente da CDU, referindo-se ainda à necessidade de obter bons resultados nas várias eleições regionais previstas para este ano no país.

Após 16 anos à frente do Governo na Alemanha, a CDU deu início a uma “travessia do deserto” político, na oposição ao Governo de coligação liderada pelos social-democratas do chanceler Olaf Scholz ao lado dos ecologistas e do partido liberal.

O novo líder dos conservadores atacou Scholz, a quem acusou de inação tanto no debate sobre a vacinação obrigatória contra a covid-19 como na discussão sobre a crise nas fronteiras da Ucrânia.

Embora não tenha atacado frontalmente a ex-chanceler Angela Merkel, Merz não esconde o seu desejo de romper com a sua herança política.

A rivalidade entre Merkel e Merz remonta ao início dos anos 2000, quando a então presidente da CDU o demitiu do cargo de presidente do grupo parlamentar do partido.

Em 2009, Merz retirou-se completamente da vida política e envolveu-se no mundo das finanças, onde fez fortuna.

Dono de dois aviões — um dos quais ele próprio pilota — renunciou no ano passado às suas funções na empresa que liderava, a Blackrock, uma das maiores gestoras de ativos financeiros do mundo.