Estava de fato e gravata mas despiu por momentos todos os formalismos para se juntar à festa. Na roda dos jogadores nacionais, Jorge Braz cantou, saltou e atirou-se para cima dos comandados como se fosse mais um como eles enquanto se ouvia o “bicampeão” na Ziggo Dome, em Amesterdão. O selecionador que até nos descontos de tempo dá o exemplo pela forma calma como consegue transmitir ideias entrara na festa da conquista de mais um Campeonato da Europa após a vitória por 4-2 frente à Rússia em mais um encontro em que a equipa nacional começou a perder por 2-0. Nessa fase, isso era o que menos importava. E faltavam palavras ao técnico para descrever um caminho de mais de cinco anos sem derrotas e com três títulos.

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“Segredo? Sermos nós, desfrutar, sermos nós e termos muito orgulho no que fazemos. Tem sido uma felicidade tão grande estar com esta malta que tínhamos de terminar da mesma forma que estamos os dias todos. Ter muito orgulho em Portugal, em todos nós e no nosso desporto. Fomos todos os dias felizes aqui, juntos. Tinha a alma cheia. Fomos fantásticos. Foi só isso, ser Portugal”, comentou à RTP3.

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“Hoje foi mais difícil. A Rússia tem muita qualidade, de top mundial. Sabíamos que ia ser difícil. Mas tal como todos os momentos difíceis só chego ao topo da montanha se acreditar em mim, não na pedra que está no caminho ou a pega que falta. Este prazer de jogar, de ser portugueses, nós sabíamos que íamos ser felizes no final do jogo outra vez. O meu orgulho nesta malta era intocável fosse o que fosse o resultado. A montanha é Portugal. Portugal está no topo. É no nosso país que vamos ver o topo da montanha. O capitão já me chateou, penso que revalidar o próximo será mais difícil. Mas vamos desfrutar disto”, completou.

“Correu bem. Há que realçar o sentimento de família existente entre nós. Todos damos as mãos, independentemente de quem marca. Queríamos sentir esta festa de novo. Sabemos o quanto é mau perder e é bom ganhar. Nunca deixámos de acreditar, nunca saímos do jogo. Estamos todos de parabéns”, referiu André Coelho, marcador da reposição lateral que originou o golo do empate e autor do 3-2 da reviravolta.

“É a beleza do nosso desporto. Um 2-0 não é um resultado seguro, muito menos contra esta família. Tivemos super bem, o 2-1 deu-nos muito alento, na segunda parte entrámos fortíssimos. Foi fantástico. Acreditámos muito em fazer história. Quem tem ao leme o mister Jorge Braz, tem tudo. Ele mete-nos no topo do mundo, transmite-nos confiança. Sem palavras. Parabéns à equipa técnica por fazer estes jogadores sonharem e acreditarem. Nunca sonhei conquistar um, conquistar três deixa-me sem palavras. Daqui a uns anos, quando formos jantar, é que vamos ter a noção do que fizemos”, acrescentou o jogador do Barcelona.