Barcelona, Liga Europa, ambas na mesma frase. Era algo anormal nas competições europeias, provocava um sentimento estranho na própria equipa dos catalães. No entanto, era ao mesmo tempo um espelho daquilo que tem sido a temporada dos blaugrana, agora com Xavi Hernández no comando técnico depois de ser o médio da equipa na Taça UEFA em 2003/04, época seguinte à desilusão de um sexto lugar na Liga com Louis van Gaal que fez chegar Frank Rijkaard ao comando técnico com reforços como Ronaldinho, Rafa Márquez, Edgar Davida ou Ricardo Quaresma além de uma promissora estrela da cantera de seu nome Andrés Iniesta. Aí, a equipa acabou a Liga na segunda posição, não conquistou títulos e caiu nos oitavos da competição europeia mas começou a construir uma base regenerada para vencer a Champions. E agora, como seria?

“Irrita-nos não estarmos na Champions mas isso tem de ser uma motivação para voltar a jogá-la. É uma oportunidade para nós. O objetivo principal é jogar a próxima Champions. Temos duas hipóteses: ficar nos quatro primeiros da Liga ou ganhar a Liga Europa. Mas é uma eliminatória em aberto. O Nápoles tem futebolistas de grande nível, é uma equipa de nível Champions. Ao analisá-los, vemos que têm grande potencial”, destacara na antevisão da partida Xavi Hernández, ironizando sobre os primeiros 100 dias no comando técnico da equipa. “Foram 100 dias que mais pareceram 100 anos… Estivemos perante situações que não eram esperadas, como a Covid-19 ou a janela de transferências agora no inverno. Sou um grande adepto do Barça e quero que o Barça esteja lá em cima como merece estar”, completara o treinador.

No entanto, e ao contrário do que sucedeu a partir de 2004, as dificuldades eram maiores. Bem maiores. E não há um único dia em que alguém levante uma pedra e não encontre um problema, como aconteceu agora com o conselho que terá sido deixado por Gerard Piqué a Joan Laporta para deixar sair Lionel Messi, que acabava contrato, e a partir daí começar a trabalhar no resto para cumprir o fair play financeiro. Dentro de uma latente crise institucional e de um contexto financeiro muito complicado perante a dívida que ascendia a 1,35 mil milhões de euros, a parte desportiva continuava com demasiada irregularidade entre os sinais de retoma e quase todos os dias aparecem notícias ligadas aos últimos anos que mostra o ambiente que se vivia.

Mais uma vez, o Barça foi Barça. Melhor do que nos tempos de Koeman, pior do que em tempos não tão longínquos. E não foi além de uma igualdade que promete dificultar a tarefa para a segunda mão no Estádio Diego Maradona, uma figura que passou pelos dois clubes. “São duas equipas que tentam jogar, será um lindo tributo ao futebol. O Nápoles está a jogar bem, é das poucas equipas italianas que o faz. Organizam bem o jogo e querem ser protagonistas. São duas equipas que significaram muito para o meu ‘velho’ mas obviamente gostava mais que ganhasse o Nápoles. Mas nós também estamos orgulhosos que tenha jogado numa equipa como o Barça”, assumira Diego Jr.. E se o jogo não foi mesmo mau, faltaram os golos. E, já agora, um Maradona de cada lado, para conseguir decidir sozinho o que os coletivos não conseguiram.

Com um 4x3x3 mais assumido que tinha Frenkie de Jong, Gavi e Pedri no apoio aos três reforços de inverno para o ataque (Ferran Torres, Adama Traoré e Aubameyang), o Barcelona tentou assumir de início a partida mas não conseguindo materializar esse domínio em oportunidades ou remates de perigo ao contrário do que se passou com o Nápoles, que teve Fabián Ruíz a isolar o avançado Osimhen num grande passe para as costas da defesa contrária antes do remate para defesa de Ter Stegen (22′). Ferran Torres, numa combinação pelo corredor central com Aubameyang, teve também uma tentativa que saiu perto da baliza de Alex Meret mas seriam mesmo os italianos a saírem em vantagem para o intervalo, com Zielinski a rematar na passada após cruzamento atrasado da direita, Ter Stegen a defender para a frente e o polaco a fazer o 1-0 (39′).

O Barcelona estava encostado às cordas mas essa condição acabou por não afetar a maior capacidade que teve ao longo da segunda parte, que começou com os catalães instalados no meio-campo contrário e a terem uma grande penalidade por mão de Juan na área para Ferran Torres fazer o empate (59′). Se o domínio dos visitados já estava a ser a tendência, esse crescendo acentuou-se com a equipa de Xavi a explorar bem os corredores laterais, a ter várias chegadas à baliza de Alex Meret, a ganhar peso na área por Luuk de Jong (que resgatou um ponto nos descontos no último encontro) mas a não conseguir desfazer o empate. O Barça tem outras ideias para descobrir a baliza. E descobriu. Agora falta a parte de começar a acertar nela…

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