Ao 18.º dia de guerra, e com as tropas russas a atacar cada vez mais em zonas próximas de fronteiras com países da NATO, Volodymyr Zelensky voltou a pedir para que seja criada uma zona de exclusão aérea na Ucrânia. “Se não fecharem o nosso céu, é apenas uma questão de tempo até que os mísseis russos caiam no vosso território. Território da NATO. Nas casas dos cidadãos dos países da NATO”, avisou o Presidente ucraniano, no discurso que publicou este domingo.

Zelensky começou por recordar o início deste domingo como “negro”, com mísseis russos e bombas que atingiram a Ucrânia “de Este a Oeste”. “Só em Lviv foram 30 mísseis. O bombardeamento no Centro Internacional de Manutenção da Paz e Segurança, em Yavoriv, matou 35 pessoas e feriu outras 134”, descreveu, acrescentando que até ao momento “não estava a acontecer nada que pudesse ameaçar o território da Federação Russa” — números que são contraditórios com os apontados pelos russos. “E apenas a 20 quilómetros de distância estão as fronteiras da NATO”, alertou.

“O céu ficou vermelho.” Os relatos de quem assistiu ao bombardeamento na base militar perto da Polónia

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Devido à aproximação dos países que integram a NATO, Zelensky voltou a recordar os avisos do passado: “No ano passado fiz um aviso claro aos líderes da NATO de que se não houvesse sanções preventivas duras contra a Rússia, começaria uma guerra. Estávamos certos”, sublinhou agora o Presidente ucraniano, acrescentando que “há muito tempo” que tem dito “que a Nord Stream é uma arma que atingirá a Europa. Agora é óbvio”.

Zelensky falou ainda sobre o jornalista norte-americano, Brent Renaud, que foi morto a tiro este domingo na Ucrânia, descrevendo o que aconteceu como “um ataque deliberado dos militares russos”. “Eles sabiam o que estavam a fazer. Mas nem todos no Ocidente parecem saber o que estão a fazer”, atirou o governante, destacando que no leste da Ucrânia as tropas russas “decidiram ‘desmilitarizar’ e ‘desnazificar’ o Sviatohirsk Lavra da Igreja Ortodoxa Ucraniana, Patriarcado de Moscovo”.

Jornalista norte-americano morto a tiro na Ucrânia por tropas russas. Casa Branca tomará “medidas apropriadas”

No momento do ataque, apenas monges e centenas de refugiados estavam no território do mosteiro. Nenhum alvo militar dentro ou perto do mosteiro. Mas as tropas russas não param, mesmo antes de atacarem o mosteiro”, acrescentou.

Ainda este domingo o Presidente ucraniano visitou um hospital onde estão a ser tratados soldados ucranianos feridos durante a guerra e relembrou que “o militar russo de Ryazan está a ser tratado no mesmo hospital”. “Está na mesma ala dos nossos defensores. Recebe a mesma ajuda. Dos mesmos médicos. Apesar do que estava a fazer. Contra nós, contra a Ucrânia. Mas os médicos ucranianos salvaram-no. E isso é óbvio. Porque são pessoas, não selvagens. E temos que passar por essa guerra para que todos permaneçamos humanos”, sublinhou Zelensky.

Vídeo mostra Zelensky a visitar soldados feridos em combate em Kiev

O governante destacou ainda o apoio de países como a Bulgária, Eslováquia, República Checa, Roménia, Polônia e Grã-Bretanha. Já sobre os esforços para um encontro entre o Presidente ucraniano e o seu homólogo russo, Zelenskyy disse que é “um caminho árduo, mas um caminho necessário”.

Os corredores humanitários “foram bem sucedidos durante o dia, à exceção do corredor em Mariupol, que foi interrompido pelas tropas russas”. Mas vamos tentar de novo amanhã até conseguirmos ajudar o nosso povo. Porque eles são nossos. A nossa Mariupol. A heroica Mariupol”, sublinhou, destacando que esta é “a pior provação” da história da Ucrânia. “Temos de aguentar. Temos de lutar. E vamos vencer. Acredito nisso”, terminou.