Volodymyr Zelensky disse que as negociações com a Rússia “estão em andamento”, mas frisou que elas têm de servir para o “bem da Ucrânia”. Num discurso ao país nesta quarta-feira à noite, o Presidente ucraniano respondeu aos 15 pontos russos noticiados pelo Financial Times, elencando que defende o “fim da guerra”, “garantias de segurança”, “soberania”, “restauração da integridade territorial” e “garantias e proteção para o país”.

Num vídeo partilhado nas redes sociais, o chefe de Estado ucraniano revelou que o autarca de Melitopol, Ivan Fedorov, foi libertado do “cativeiro” a que estava sujeito. “Não se submeteu, nem se submeterá aos ocupantes”, garantiu Volodymyr Zelensky, que informou que já o contactou. Também no sul do país, o Presidente ucraniano deu conta de que aconteceu um protesto contra a ocupação russa na cidade de Berdyansk: “Milhares de civis corajosos saíram contra os militares russos armados”.

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Mais uma vez, Volodymyr Zelensky pediu aos soldados russos para “voltarem para casa”, sinalizando que “se a guerra contra o povo ucraniano continuar, as mães da Rússia perderão mais filhos do que nas guerras do Afeganistão e Chechénia juntas”. “Por é que vocês precisam disso?”, questionou, dizendo que os militares foram convocados para a “guerra de outra pessoa”.

Dando conta de que os corredores humanitários não funcionaram na quarta-feira, o Presidente da Ucrânia revelou que os militares russos “tentaram frustrá-los”. “Em Chernihiv, os ocupantes dispararam contra os civis que estavam simplesmente na fila para comprar pão. Imaginem. Dez mortos”, relatou, mencionando ainda o ataque ao teatro Drama em Mariupol: “Os nossos corações estão partidos pelo que a Rússia está a fazer com o nosso povo”.

O Presidente da Ucrânia acusa ainda a Rússia de causar “centenas de vítimas” no bombardeamento em Mariupol, acrescentando ser “ainda desconhecido o número de mortos” do ataque.

“Cidadãos da Rússia, como é que o vosso bloqueio de Mariupol é diferente do bloqueio de Leningrado [São Petersburgo] durante a Segunda Guerra Mundial?”, questionou Volodymyr Zelensky, que assegurou que não perdoará “nenhuma alma assassinada” que foi “vítima” do “terror” desencadeado “pelo Estado russo”.

Voltando a pedir uma zona de exclusão aérea ao Ocidente, o Presidente ucraniano afirmou que, no Congresso dos EUA, a Ucrânia “recebeu um forte apoio dos amigos norte-americanos”. “Sou grato ao Presidente Biden. Sou grato pela sua liderança que uniu o mundo democrático”. No entanto, a “guerra não acaba”, ressalvou o chefe de Estado, que sublinhou que os “crimes de guerra da Rússia não cessam”. “É por isso que são necessários novos pacotes de sanções contra a Rússia.”

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Pensando já no final do conflito, Volodymyr Zelensky prometeu que o Estado restaurará a casa a todos os ucranianos que a perderam. “Estou confiante de que seremos capazes de reconstruir o nosso Estado rapidamente.”