(em atualização)

Na madrugada de sexta-feira, após mais de 12 horas de conversações, o governo espanhol chegou a acordo com a Comissão Nacional dos Transportes Rodoviários (CNTC), numa altura em que as greves nos transportes duram há vários dias e provocam o caos na cadeia de abastecimento do país vizinho — em Portugal já se verificam atrasos.

Camiões incendiados e rotura anunciada. Greve dos motoristas em Espanha já tem impacto em Portugal

As negociações, que visam aliviar o aumento dos combustíveis e acabar com as greves que começaram a 14 de março, resultaram no compromisso do executivo espanhol em subsidiar 20 cêntimos por cada litro de gasóleo, gasolina, gás e adBlue — de acordo com o El Mundo, o Estado vai contribuir com 15 cêntimos e as petrolíferas com um mínimo de 5 cêntimos por litro, uma medida a ser aplicada de 1 de abril a 30 de junho, embora com caráter extensível, ou seja, passível de ser prolongada consoante a evolução dos mercados. Estima-se que o desconto de 20 cêntimos possa significar uma poupança de cerca de 700 euros por mês por cada camião.

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O acordo alcançado esta madrugada visa uma duplicação da oferta inicial do governo espanhol, que na passada segunda-feira propôs avançar com apoios de 500 milhões de euros para compensar a subida nos preços do gasóleo, mas a proposta não convenceu os grevistas. Finda a reunião desta madrugada, os fundos alocados ao setor ascendem a 1.000 milhões de euros, sendo que a ajuda também será alargada às empresas de transporte de passageiros.

Ainda assim, a Plataforma Nacional de Defesa dos Transportes, organizadora da greve, garantiu na quinta-feira que manteria os protestos, uma vez que não tinha sido convocada para as negociações. A atenção está esta sexta-feira voltada para a sede do Ministério dos Transportes, em Madrid, onde a mesma entidade quer reunir cerca de 20 mil manifestantes. A greve de hoje pretende dar visibilidade ao setor, pese embora o apelo da ministra dos Transportes, Raquel Sánchez, para “retomar a normalidade.”

Manuel Fernández, líder da Plataforma Nacional de Defesa dos Transportes, considerou o acordo em questão uma “armadilha”. Já Raquel Sánchez mostrou esta manhã disponibilidade em reunir-se com os representantes desta entidade, embora tenha defendido que a negociação ocorreu “com os interlocutores do setor que são os escolhidos pelas transportadoras”.

Ainda esta sexta-feira, os membros do CNTC vão submeter os seus associados a um referendo durante o dia para que o pacote de 30 medidas do acordo alcançado na madrugada seja votado. A negociação terá sido intensa na sequência do aumento do preço dos combustíveis devido à guerra na Ucrânia.