Volodymyr Zelensky fez um discurso num tom duro ao país esta quinta-feira, chamando “monstros” aos militares do exército russo, que “tem tanta maldade, tanta sede de destruição que não lembra os seres humanos, mas antes algo de outro mundo”. “Monstros que queimam e roubam, atacam e tentar matar”, lembrando-lhe “quimeras infernais”.

Num vídeo partilhado nas redes sociais, o Presidente ucraniano fez questão de salientar que “já passou março”. “A passagem do tempo, de alguma forma, nem sequer é registada. Todos os dias tornaram-se praticamente iguais para nós”, frisou Volodymyr Zelensky, vincando que a Ucrânia conseguiu combater a ofensiva “melhor do que o inimigo pensava”.

“Eles disseram três ou cinco dias. Eles pensaram que isso seria suficiente para tomaram o nosso Estado. E já se passaram 36. E continuamos de pé. E vamos continuar a lutar”, galvanizou o chefe de Estado ucraniano, aludindo às expectativas iniciais do Kremlin de uma invasão rápida e fácil. “Estou certo de que é extremamente agradável perceber que as cidades ucranianas estão a ser gradualmente libertadas dos ocupantes.” 

No entanto, Volodymyr Zelensky sublinhou que “haverá mais batalhas pela frente”. “Ainda temos um caminho muito difícil a percorrer para conseguir” tudo o que a Ucrânia deseja. “É por isso que é muito importante que todos demonstrem moderação. Contenção nas emoções. Todos nós queremos igualmente vencer”, afirmou o Presidente ucraniano, que avisou que a retirada de tropas da Rússia pode “fazer parte das suas táticas”.

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Apesar de algumas vitórias, o Presidente ucraniano aponta que a “situação no sul” do país e no Donbass “continua extremamente difícil”. “Os invasores estão a colocar a sua criatividade doente em ação em Kherson. Eles estão a tentar organizar algumas estruturas incompreensíveis”, denunciou, atirando: “Isso não não tem sentido. Quanto mais ativos eles são, mais substanciais serão as perdas da Rússia no fim”.

“Faremos de tudo para parar os ocupantes e limpar a nossa terra das maldades e das quimeras parvas”, assegurou Volodymyr Zelensky, que também abordou os “anti-heróis”, isto é, “os traidores” da Ucrânia, com os “quais não tem tempo para lidar”. Ainda assim, promete que todos eles serão “gradualmente punidos”.

No ramo diplomático, o Presidente da Ucrânia referiu os discursos nos parlamentos da Austrália, da Bélgica e dos Países Baixos. “Senti um apoio total”, elogiou, acrescentando que está agora “à espera de passos concretos”. Adicionalmente, Volodymyr Zelensky também indicou ter conversado com Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, tendo discutido o facto de as tropas russas “estarem a concentrar-se em certas áreas”.

Agradecendo aos Estados Unidos o novo “pacote de sanções”, o chefe de Estado ucraniano disse que este tipo de ações são importantes para que “Moscovo não esqueça que as sanções continuarão e serão intensificadas”. “Até haver paz — as sanções são necessárias. Até à Rússia começar a investir sinceramente na busca da paz.”

Mencionando ainda a conversa com o Presidente turco, Volodymyr Zelensky divulgou que conversaram sobre a “criação de um sistema de garantias efetivo” para a Ucrânia. “Sobre a segurança que sempre precisamos. Estou grato à Turquia sobre a sua disponibilidade de se tornar um garante de segurança para a Ucrânia.”