Se existe, no desporto atual, alguém que se aproxima da ideia de imortalidade, é Tiger Woods. E o golfista norte-americano decidiu voltar a provar isso mesmo: apenas 14 meses depois do grave acidente de carro que o deixou com fraturas nas duas pernas e dependente de uma cadeira de rodas, vai voltar a competir já no Masters de Augusta que arranca esta semana.

“Neste momento, sinto que vou jogar. Vou fazer mais nove buracos amanhã [quarta-feira] mas a minha recuperação está a correr bem, a minha equipa fez um grande trabalho. Estou emocionado com a forma como tenho vindo a recuperar diariamente”, disse Tiger Woods, que surpreendeu toda a gente ao aterrar em Augusta de avião privado na semana passada, em conferência de imprensa. Fez 18 buracos no primeiro dia, outros oito no domingo e outros oito já esta segunda-feira — e acredita que está pronto para voltar.

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“Deu poucos sinais de estar limitado fisicamente, só coxeia ligeiramente. Mostrou equilíbrio e ritmo, a mudar de objetivo e a variar as trajetórias das pancadas”, podia ler-se no resumo que entretanto surgiu no site oficial da competição. O regresso de Tiger Woods é particularmente surpreendente devido à gravidade do acidente do passado mês de fevereiro de 2021: o golfista despistou-se a 140 km/h numa via em que o limite máximo de velocidade era 40 km/h, foi encontrado inconsciente pelas autoridades e sofreu fraturas na tíbia e no perónio em ambas as pernas. Tudo isso, aliado às seis operações ao joelho e outras cinco à coluna que já tinha feito, pareciam antecipar um final de carreira abrupto e forçado.

Algo em que o próprio Woods, aparentemente, chegou a acreditar. Em maio do ano passado, na primeira entrevista depois do acidente, disse mesmo que o principal objetivo da recuperação era “andar sozinho”. Em dezembro, quando foi visto a jogar com o filho em Orlando num torneio familiar, confirmou que ainda tinha “um longo caminho pela frente”. Agora, apenas 408 dias depois do acidente e com 46 anos, anunciou que vai voltar à competição.

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E vai voltar precisamente no local onde começou a fazer história e onde alcançou a última ressurreição. Em 1997, com apenas 21 anos, tornou-se o vencedor mais novo da história do Masters de Augusta e conquistou o primeiro dos 15 majors que tem; em 2019, depois de 11 anos sem ganhar qualquer competição e após os escândalos de adultério que o envolveram, foi também no Masters de Augusta que voltou para ganhar. Agora, sem competir ao mais alto nível desde 2020, procura o terceiro milagre.

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