A Rússia concretizou a ameaça. A Gazprom já cortou o fornecimento de gás à Polónia e à Bulgária, dizendo que qualquer forma de contornar este corte implicará que o gás deixe de circular para outros países.

A empresa estatal polaca, PGNiG, também já confirmou que deixou de receber gás russo. No entanto, a empresa, citada pelo El País, garante que este corte não afeta os fornecimentos dos clientes que seguem a receber esta fonte de energia, diz em comunicado.

Moscovo tinha ameaçado que se os países não pagassem o gás em rublos seria considerado incumprimento e, como tal, o fornecimento iria ser cortado. O que aconteceu esta quarta-feira. “A Gazprom suspendeu por completo o fornecimento à Bulgargaz (Bulgária) e à PGNiG (Polónia) devido ao não pagamento em rublos”, declarou a empresa russa em comunicado, citado pelos jornais internacionais. A Gazprom Export, a subsidiária para as exportações do grupo russo, não recebeu em abril pagamentos em rublos das duas entidades, tal como requerido pelas regras estabelecidas por Putin.

Vyacheslav Volodin, deputado e porta-voz da Duma (parlamento russo), escreveu na sua conta do Telegram, citada pela BBC, que a decisão da Gazprom é a acertada, acrescentando que a Rússia devia fazer o mesmo aos restantes países hostis. A Rússia já ameaçou fazê-lo.

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Mas o operador a rede de gás polaca diz que este corte de fornecimento é uma infração ao contrato e que, por isso, “utilizará todos os meios legais e contratuais” para ser compensada. Também a Bulgária já acusou a Gazprom de infrações ao contrato, dizendo que “neste momento o gás natural está a ser usado como arma política e económica nesta guerra”, declarou o ministro da energia búlgaro, Alexander Nikolov, citado pela BBC.

No parlamento polaco, o primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, declarou que este corte é “um ataque direto”. Citado pelo Guardian declarou que “a Rússia está não apenas a fazer um ataque brutal e assassino à Ucrânia, mas a Rússia está também a atacar toda a segurança energética e alimentar da Europa. É um ataque direto à Polónia. Lideraremos com esta chantagem, com esta pistola apontada à nossa cabeça de forma a não nos afetar. A Polónia não precisa do gás russo”.

A Gazprom notificou as duas empresas da suspensão a partir desta quarta-feira e avisou que uma utilização não autorizada de gás russo — que transita pelos dois países com destino a outros países europeus como Alemanha — por estes dois países conduzirá a uma redução de fornecimentos também a esses países na mesma proporção.

A decisão russa só fará com que a Rússia fique mais isolada internacionalmente, comentou já esta manhã o vice-primeiro-ministro britânico Dominic Raab à Sky News. “Terá um efeito muito grave para a Rússia também porque fica cada vez mais, não apenas um pária político, mas também económico”, declarou.

Com esta suspensão de fornecimento os contratos de futuro no mercado grossista europeu de gás avançaram 20% para 117 euros por MWh, segundo o FT.

A União Europeia diz que está a preparar-se para a suspensão de Moscovo para a totalidade dos países europeus.