O empate a 32 no Pavilhão João Rocha frente ao Sporting quebrou de forma ligeira a trajetória ascendente na presente temporada (sendo ainda um jogo em análise depois do protesto apresentado pela equipa encarnada) mas o Benfica mostrava algo mais do que nas épocas anteriores, tendo como exemplo paradigmático disso mesmo a vitória frente ao FC Porto que não só relançou a corrida pelo título a três como quebrou uma série de 59 triunfos consecutivos dos azuis e brancos no Campeonato. Este sábado, havendo um clássico em Lisboa entre leões e dragões, o conjunto da Luz terá de esperar pelo resultado para perceber as reais hipóteses que reúne ainda para lutar pelo primeiro lugar. Antes, e no seguimento desse rendimento crescente em 2021/22, dependia de si para chegar pela primeira vez na história à Final Four da Taça EHF (ou Liga Europeia).

Um golo a cinco segundos do fim que pode mudar tudo: Sporting empata com Benfica e discute título com FC Porto

Em 2000, o ABC tinha sido a primeira formação nacional a chegar às meias-finais. Em 2019, já no formato de Final Four, também o FC Porto conseguira obter esse patamar. Agora podia chegar a vez dos encarnados, que chegavam à Eslovénia com uma importante vantagem de sete golos conseguida em Lisboa para defrontar o Gorenje Velenje depois de uma segunda parte de grande nível no Pavilhão da Luz que terminou com esse parcial de 20-11 que praticamente carimbava a qualificação para o momento decisivo da prova.

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“Sabemos que vai ser uma partida difícil, fora de casa, mas temos uma equipa com muita experiência. Fizemos um bom resultado aqui, na Luz, e esperemos que seja suficiente. Confiamos no nosso trabalho, naquilo que estamos a fazer, e esperamos alcançar um resultado bom e suficiente para passar a eliminatória e atingir a Final Four. Eles são uma equipa muito rápida, com transições muito rápidas e temos de minimizar as nossas perdas de bola no ataque, defender muito para evitar sofrer golos fáceis. Vamos com a ideia de que ainda não houve o primeiro jogo, não há vantagem e vamos para ganhar”, tinha referido antes da partida o técnico Chema Rodríguez, destacando a boa campanha dos encarnados na segunda prova europeia.

Tudo começou com duas fases a eliminar e triunfos a duas mãos com os suíços do HC Kriens-Luzern e com os alemães do Rhein-Neckar Löwen, a que se seguiu um segundo lugar na parte seguinte e num grupo com GOG Handbol, Nantes, TBV Lemgo, Cocks e Chekhovskiye Medvedi e a vitória nos oitavos com os franceses do Toulouse com um triunfo por 36-30 em casa depois do desaire forasteiro por 38-34. Agora seguia-se os eslovenos do Gorenje Velenje e esse aviso do 29-22 como visitado frente ao Nimes que foi um passo gigante para a surpreendente eliminação dos gauleses. No entanto, a “dúvida” demorou apenas meia hora.

Como seria de esperar, a equipa da casa não demorou a tentar impor um ritmo rápido de jogo, com ataques sem grande duração e uma defesa agressiva que propiciava o lançamento de contra ataques diretos ou saídas rápidas. O Benfica sentiu algumas dificuldades com esse ritmo, com falhas técnicas à mistura, e o Gorenje Velenje conseguiu numa primeira instância dois golos de avançado (4-2) e pouco depois dos dez minutos os três (6-3). Chema Rodríguez viu-se obrigado a parar o encontro perante o eclipse dos encarnados com as exceções de Sergey Hernández na baliza e Grigoras na lateral direita (quatro golos) e teve resultados práticos quase imediatos, com os eslovenos a ficarem mais de oito minutos em branco entre o 8-5 e o 8-9.

Os visitados ainda tentaram depois uma defesa 5:1 perante a incapacidade de parar a primeira linha lisboeta mas o encontro tinha mudado há muito de cariz, com o Benfica a controlar por completo a vantagem, depois a chegar com um golo de Kukic aos 9-8 (20′) e de seguida a aproveitar uma exclusão de dois minutos nos eslovenos para ganhar três golos de vantagem com um livre de sete metros de Djordic e um ataque direto do ponta Ole Rahmel (12-9). O avanço crescente dos encarnados deixava ainda mais intranquilo o adversário e o intervalo chegaria mesmo com a máxima vantagem da formação portuguesa no jogo (15-11). Os laterais Grigoras e Djordic eram os melhores marcadores e Hernández levava 35% de eficácia na baliza.

O Benfica tinha a passagem à Final Four completamente definida à entrada para a segunda parte, com uma vantagem de 11 golos no total das duas eliminatórias. A jogar sobretudo pelo orgulho, o Gorenje Velenje foi capaz ainda de empatar a partida a 16, o que motivou nova paragem técnica com sucesso do técnico espanhol dos encarnados e com o mesmo sucesso. Se a questão da eliminatória já estava arrumada, o Benfica mostrou que queria também somar mais uma vitória como no Pavilhão da Luz e voltou a beneficiar de vantagens de quatro golos (23-19) numa fase em que Sergey Hernández abriu de novo o livro e Gustavo Capdeville foi a jogo defender um livre de sete metros com a partida em 25-24. No final, os eslovenos ainda passaram mesmo para a frente mas um golo de Tadej Kljun sentenciou a igualdade a 27 golos.