Um oficial ucraniano do regimento Azov, que lidera a defesa na fábrica Azovstal, último baluarte de resistência na cidade estratégica de Mariupol, exortou a comunidade internacional a pressionar a Rússia para permitir a retirada de civis e soldados feridos.

Os combates intensos continuaram nesta quinta-feira no complexo da siderúrgica na cidade sitiada de Mariupol, enquanto as forças russas tentavam eliminar os últimos defensores e completar a captura do porto estratégico da cidade.

Centenas de soldados ucranianos estão escondidos nos bunkers subterrâneos da fábrica, muitos deles feridos, tal como alguns civis.

O capitão Sviatoslav Palamar, vice-comandante do regimento Azov, disse numa declaração vídeo a partir dos bunkers da unidade industrial que “os soldados feridos estão a morrer em agonia devido à falta de tratamento adequado”.

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Ele instou o Presidente ucraniano, Voldymyr Zelensky, a ajudar a garantir a retirada dos feridos e dos civis ainda nos bunkers.

Palamar dirigiu-se também à comunidade internacional, denunciando os russos por “se recusarem a observar quaisquer normas éticas e a eliminar pessoas perante os olhos do mundo”.

A Rússia sustenta que as suas forças não estão a entrar no labirinto de túneis na fábrica de aço, mas Palamar garantiu que há combates em Azovstal.

Foi o terceiro dia em que o inimigo invadiu o território da Azovstal. Está a decorrer um combate feroz e sangrento. Os defensores da cidade [Mariupol] lutam sozinhos há 71 dias com as forças esmagadoras do inimigo e demonstram tanta resistência e heroísmo que o país deve saber o que significa ser leal à pátria”, vincou.

Apesar de a Rússia ter prometido um cessar-fogo a partir da manhã desta quinta-feira, os militares ucranianos denunciaram que as tropas de Moscovo estão “a tentar eliminar” os últimos defensores de Azovstal.

A fábrica, um enorme complexo siderúrgico atravessado por redes subterrâneas, tem sido o último reduto de resistência dos combatentes ucranianos contra o exército russo em Mariupol, cidade onde se situa um porto estratégico.

A rendição ou captura destes militares seria uma importante vitória para Moscovo.

O autarca Vadim Boitchenko também pediu a continuação da retirada de civis da cidade, realizadas com a ajuda das Nações Unidas e da Cruz Vermelha Internacional.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.