O verde é a cor da esperança e essa ficou bem desvanecida sensivelmente uma hora antes do apito inicial deste Portimonense-Sporting. A luta pelo título de campeão nacional estava já praticamente sentenciada, mas acabou mesmo por ficar fechada no final do clássico da Luz entre Benfica e FC Porto (0-1), onde os dragões conseguiram sagrar-se campeões nacionais da época 2021/2022.

Feitas as contas, o Sporting conseguiu garantir o acesso direto à Liga dos Campeões, mas deixou fugir o título depois de o ter conquistado na época 2020-2021, pondo fim a um jejum de 19 anos. Rúben Amorim, na antevisão do jogo, já tinha admitido que a esperança era “muito pequenina”. Ainda assim, o técnico dos leões garantiu que o facto de já haver campeão não iria retirar o foco no futuro e assinalou mesmo que “o projeto do Sporting é muito longo”. O objetivo, disse, passaria por começar já a pensar na próxima época. Talvez um indício disso mesmo seriam as novidades neste onze leonino.

Além do regresso de Coates, Tabata, a jogar como falso 9, e o facto de Sarabia ter começado o duelo no banco foram as principais novidades da noite. Isto depois de Amorim já ter confirmado a saída do espanhol na próxima época. “Sim, sem dúvida que tenho pena de não poder contar com ele. Assim como tenho pena de não ter tido o Nuno Mendes. Mas o futebol é mesmo assim, estarão outros cá, seguiremos com o nosso projeto e ainda temos dois jogos para o aproveitar”, disse o treinador.

Os primeiros 25 minutos de jogo foram em sentido único. Sem muitas oportunidades flagrantes, o Sporting ia tendo o controlo da posse de bola. Do outro lado estava um Portimonense adaptado ao sistema de três centrais e sem mostrar vontade de dar muito nas vistas. Em sentido contrário, a forma esclarecida como a equipa de Amorim entrou em campo serviu para o conjunto se adiantar no marcador logo aos 12 minutos. A grande novidade deste onze, Bruno Tabata, deu logo nas vistas ao inaugurar o marcador neste regresso a uma casa que bem conhece, depois de um cruzamento de Edwards.

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Os leões foram conseguindo manter a consistência, mas aos 25 minutos surge o lance que muda o rumo de toda a primeira parte. Carlinhos bateu o livre na meia esquerda, mas um desvio da bola em Edwards acabou por trair o guardião Antonio Adán, e foi assim que surgiu o empate em Portimão. Um tento quase caído do céu, contra a corrente do jogo e que parece ter abalado o conjunto de Alvalade. O 2-1 surgiu logo depois, como um murro no estômago para os leões. Num erro de Gonçalo Inácio e Coates, Welinton roubou a bola, conseguiu caminho livre e fez um chapéu a Adán. O Portimonense regressou ao balneário a vencer frente a um Sporting traído por um lance de bola parada e pela descoordenação entre Inácio e Coates. 

A segunda parte foi marcada pelas várias mexidas por parte de Rúben Amorim. Pedro Gonçalves, muito apagado durante todo o jogo, deu lugar à entrada de Pablo Sarabia. Que chegou, viu e venceu. Aos 71 minutos, aproveitou um ressalto depois de um remate de Edwards e conseguiu empatar a partida em Portimão. Pouco depois, aos 76′, aproveitou a assistência de Tabata pela esquerda e fez o bis, colocando assim os leões de volta à frente do marcador. Sarabia foi mesmo o destaque desta reviravolta, mas houve outras entradas que fizeram a diferença. No meio-campo, Ugarte e Daniel Bragança acrescentaram o perfume que Palhinha e Matheus Nunes não estavam a conseguir espalhar.

Até certa altura, o Sporting evidenciava claras debilidades a decidir no último terço. Mostrava-se também muito dependente de rasgos individuais, lento e com uma espécie de “jogo viciado” no flanco esquerdo. O “nó” do meio-campo leonino, onde o jogo não atava nem desatava, acabava por dificultar as transições ofensivas.

Com as substituições, o Sporting desmanchou a desvantagem com uma facilidade quase inquietante. Ficava então a ideia de que faltavam peças neste puzzle e a indicação de que há jogadores à espreita por mais oportunidades. Sarabia já deixa saudades, Ugarte dá cada vez mais certezas e Daniel Bragança mostra que merece mais oportunidades.