Os vídeos amadores já tinham aparecido nas redes sociais e a agência russa estatal RIA Novosti tinha garantido que os exterminadores russos estavam a caminho do Donbass, o principal foco da batalha na Ucrânia, invadida há 88 dias pela Rússia. A confirmação independente chega este domingo, através do Ministério de Defesa do Reino Unido: o tanque russo BMPT está a ser enviado para a zona de Severodonetsk, oblast de Lugansk, uma das duas regiões que formam o Donbass.

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No entanto, no seu relatório diário, o Ministério da Defesa defende que os veículos blindados de pouco servirão. “Com um máximo de dez exterminadores, é improvável que tenham um impacto significativo na campanha”, lê-se no relatório. Na verdade, ninguém sabe ao certo quantos exterminadores a Rússia possui.

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Na sua mensagem, publicada no Twitter, os britânicos dizem ainda que Severodonetsk, capital da província de Lugansk desde 2014, se mantém uma prioridade tática do Kremlin.

Este veículo de guerra, já usado pela Rússia no conflito da Síria, é produzido pela empresa russa Uralvagonzavod, sendo oficialmente apelidado de Exterminador, já que é fortemente blindado (e armado) e foi concebido para ser usado em combates urbanos. Até à data, tanto quanto se sabe, apenas a Argélia e o Cazaquistão compraram estes tanques à Rússia.

Qual é a força do Exterminador?

Fabricado pela empresa russa Uralvagonzavod, o veículo foi projetado para operar em áreas urbanas

Foi durante a guerra com o Afeganistão (1979–1989) que a ainda União Soviética percebeu que precisava de um veículo próprio para operar em zonas urbanas apertadas. Mais tarde, já depois do colapso da URSS,  a necessidade voltou a ser sentida quando os russos combatiam na primeira guerra da Chechénia (1994—1996).

Em Grozny, enquanto lutavam pelo controle da capital, os russos perceberam que os seus tanques eram um alvo fácil: os adversários eram capazes de atirar granadas das janelas dos edifícios, danificando-os. Faltava aos blindados a capacidade de disparar para cima e para baixo.

A Uralvagonzavod — um dos maiores complexos científicos e industriais da Rússia e o maior fabricante de tanques de guerra do mundo — foi concebendo vários protótipos até ter chegado ao BMPT, que tem duas versões. A principal diferença são os lançadores de granadas: uma versão tem, a outra não. Na Ucrânia, os exterminadores que têm sido avistados são os que têm esse armamento. Têm também cinco lugares para tripulantes, ao invés de três.

Assim, o veículo blindado de combate está equipado com dois canhões (2A42), quatro lançadores de mísseis (9M120 Ataka) guiados com sistema de orientação a laser, dois lançadores de granadas automáticos (AG-17D) e uma metralhadora (PKTM de 7,62 mm). Conseguiu-se assim o principal objetivo: uma máquina de guerra com imenso poder de fogo.

O míssil 9M120 foi projetado para derrotar tanques com blindagem composta e blindagem reativa explosiva e tem um alcance de até 6 quilómetros. Já os lançadores de granadas dão apoio de fogo à infantaria, de curto a médio alcance, e são utilizados especialmente para atirar diretamente sobre soldados inimigos e veículos não blindados.

A metralhadora é uma arma automática que usa munição convencional, incendiária perfurante (quando se dá a colisão, o material incendiário acende-se na ponta e dá-se a detonação), traçante (a composição pirotécnica é inflamada pela pólvora em chamas, queima muito intensamente, deixando um rasto do projétil) e de penetração aprimorada.

Em termos defensivos, o Exterminador está equipado com blindagem reativa que explode para fora (se atingido o veículo) o que neutraliza algumas granadas antitanque.