O Leaf marcou a chegada ao mercado dos veículos eléctricos produzidos em massa em 2010, colocando a Nissan na liderança desta tecnologia. A decisão ficou a dever-se à visão de Carlos Ghosn, o então responsável pela Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, que dois anos depois viria a replicar a mesma estratégia na Renault, com o Zoe. Depois de uma segunda geração do Leaf pouco ambiciosa e já com o Nissan Ariya no mercado, a marca nipónica pode estar em vias de abandonar o Leaf, de acordo com a Automotive News (AN).
O Leaf é um veículo eléctrico interessante, hoje já com valores competitivos em matéria de autonomia, fruto de baterias até 64 kWh, e com software útil para muitos condutores, como o e-Pedal e o ProPilot Assist. Mas o facto de a sua plataforma derivar de um veículo a combustão (e pouco ter evoluído desde que surgiu no mercado há 12 anos) tem vindo a torná-lo menos sofisticado e apelativo face a concorrentes mais recentes, como o Ariya que a própria Nissan está a lançar.
Com o construtor japonês a avançar para já com o Ariya, um SUV do segmento C com um interior generoso, e a prometer lançar mais 15 modelos 100% nos próximos sete anos (até 2030), todos eles a serem concebidos sobre plataformas específicas para veículos a bateria, em busca de uma maior eficiência, o construtor parece ter chegado à conclusão que necessita de uniformizar a sua gama. Daí que a AN tenha avançado com a notícia, segundo fontes não reveladas, que a vida do Leaf em breve chegará ao fim.
Depois de encerrar a produção daquele que será o seu único automóvel eléctrico concebido sem plataforma específica, faz sentido a Nissan concentrar-se exclusivamente em veículos eléctricos modernos, com baterias mais avançadas, tanto mais que estes precisam de linhas de produção remodeladas para serem fabricados. Para se ter uma ideia da evolução possível, em termos de eficiência energética, basta comparar o Leaf com bateria de 62 kWh com o Ariya, já com a nova plataforma CMF-EV e com acumuladores com 66 kWh de capacidade. Apesar de ser mais comprido, alto e com uma maior distância entre eixos, o Ariya anuncia um consumo de 17,6 kWl/100km, inferior aos 18,5 kWh/100km do Leaf, o que lhe permite anunciar uma autonomia de 403 km entre recargas, superior aos 385 km do Leaf.