Continua o processo de transição nas empresas municipais de Lisboa, com as presidências dos conselhos de administração a serem agora entregues a figuras escolhidas pelo novo presidente da Câmara Municipal, Carlos Moedas. Depois das mudanças na Carris, Gebalis e SRU, agora serão a EGEAC e a EMEL, as únicas duas empresas municipais que ainda não tinham nova administração nomeada pelo Executivo de Lisboa, a mudarem de mãos.

A proposta de Carlos Moedas já foi entregue aos vereadores e será votada na reunião de câmara desta sexta-feira. De acordo com os documentos a que o Observador teve acesso, à frente da EMEL fica o social-democrata Carlos Silva, ex-deputado do PSD.  Na EGEAC, empresa responsável pela cultura em Lisboa, entra Pedro Moreira, até aqui quadro do Turismo de Lisboa.

Carlos Silva é um conhecido deputado social-democrata que ocupou um lugar na bancada do PSD nos últimos 11 anos. Sucede a Natal Marques na liderança da empresa municipal responsável pelo estacionamento na cidade de Lisboa, mas não é o único laranja a assumir um cargo na empresa.

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Para a presidência da mesa da EMEL vai Carlos Reis dos Santos, deputado municipal do PSD que conhece bem os meandros das empresas municipais da cidade. Entre abril de 2005 e dezembro de 2017 Carlos Reis dos Santos trabalhou como jurista da Gebalis, a empresa responsável pela gestão dos bairros municipais. Antes, já tinha sido vereador pelos sociais-democratas na vizinha autarquia da Amadora.

Maria de Lurdes Vaz, que passa a secretária da mesa da EMEL, é desde outubro de 2021 assessora jurídica do vereador da mobilidade na autarquia, Ângelo Pereira. Maria de Lurdes de Carvalho Vaz é uma velha conhecida do dirigente social-democrata, já que ambos se cruzaram na vizinha autarquia de Oeiras, onde o líder da distrital do PSD de Lisboa também foi vereador. Contratada através do regime de prestação de serviços para assessoria jurídica, Maria de Lurdes Vaz ocupou funções também na Oeiras Expo e foi uma das vogais, por exemplo, da direção da SATU Oeiras.

Ainda na administração executiva da empresa, Francisca Ramalhosa ganha preponderância e passa de vogal não executiva para administradora executiva da EMEL. Francisca Ramalhosa é diretora municipal de mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa desde 2018. Entre 2018 e 2022 teve também o cargo de administradora não executiva da Carris. Antes de chegar à autarquia tinha sido assessora no Governo de António Costa.

A outra vogal, com cargo não executivo, é Ana Raimundo, que desde março, sob a liderança de Carlos Moedas, assumiu a função de dirigir a Unidade de Intervenção Territorial Centro na autarquia de Lisboa deixando alguns anos de trabalho na Câmara Municipal de Cascais nas áreas da fiscalização e dos recursos humanos.

Pedro Moreira assume liderança da EGEAC

Com a demissão da direção de Joana Gomes Cardoso, Carlos Moedas escolheu Pedro Moreira para liderar a programação e a gestão dos espaços culturais da cidade de Lisboa. Há cerca de um ano à frente do Museu do Tesouro Real, trata-se também de um regresso à casa de partida de onde saiu para o Turismo de Lisboa. Pedro Moreira esteve quase 13 anos a trabalhar na EGEAC onde desenhou e produziu as Festas de Lisboa.

É tido como um operacional e um homem que conhece bem a realidade da EGEAC, embora esteja afastado da empresa municipal desde 2016. A acompanhá-lo terá Susana Graça, que estava desde agosto como responsável pelo Fundo Europeu para os Media e Informação, que foi criado pela Fundação Gulbenkian e Instituto Universitário Europeu.

No currículo conta com passagens por vários departamentos do Ministério da Cultura, onde esteve entre 2012 e 2016, e ainda pela embaixada da Noruega em Lisboa (entre 2017 e 2021). Dá aulas a alunos de mestrado e doutoramento na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa e ainda na Universidade Católica Portuguesa e na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.

O ex-jornalista Manuel Falcão é o terceiro nome escolhido para fechar o novo conselho de administração da EGEAC — ficará na empresa como vogal não executivo e sem remuneração atribuída. Também ele regressa a uma empresa por onde já passou: entre 2002 e 2005 foi vogal do conselho de administração da EGEAC e o responsável pela área da comunicação e desenvolvimento de conteúdos na áreas expositivas e de música. No currículo conta com a fundação da revista Visão, d’O Independente, trabalho no semanário Expresso, ou a subchefia de redação na Agência Lusa, entre outros.

No governo de Cavaco Silva foi chefe de gabinete do então secretário de Estado da Cultura, Pedro Santana Lopes. Entre 1990 e 1991. Mais tarde, entre 1995 e 2011 foi presidente do Conselho de Administração da Valentim de Carvalho vogal do conselho de Administração do Pavilhão Atlântico (entre 2001 e 2003).

Para a mesa do conselho de administração será nomeado João Neto. É atualmente o diretor do Museu da Farmácia e presidente da Associação Portuguesa de Museologia. Enquanto a secretaria da mesa ficará a cargo de Paula Mendes atual diretora-geral da Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa, que conhece há várias décadas.

Outro dado a ter em conta: se até aqui a SRU e a EGEAC tinham mulheres à frente, Inês Ucha e Joana Gomes Cardoso respetivamente, agora a liderança das cinco empresas municipais passa a estar nas mãos de cinco homens.