Era a primeira participação numa grande prova internacional por Portugal, era uma oportunidade para mostrar que os norte-americanos não eram invencíveis apenas um ano após ganhar a Liga Diamante. No entanto, e por quatro centímetros, Pedro Pablo Pichardo falhou uma medalha nos primeiros Mundiais em que participou pela Seleção, atrás de Christian Taylor, Will Claye e Hugues Fabrice Zango. Estávamos em 2019 mas ainda hoje, três anos e várias conquistas depois, o luso-cubano não esquece essa desilusão. E, partindo como campeão olímpico, chegava a Eugene apostado em ganhar os Mundiais para, em agosto, na Alemanha, poder juntar a seguir a vitória nos Europeus – e com isso fazer o pleno de todas as provas.

Pedro Pablo Pichardo termina em quarto e falha medalha na final do Mundial por quatro centímetros

“O ano tem sido bom mas em termos de marcas queria ter tido melhores resultados. Nos Mundiais de Pista Coberta acabei no segundo lugar e não fiquei feliz, com o resultado e por não conseguir realizar os saltos. Saí da prova e mal consegui andar. Em Montreuil [em junho], senti que o meu pé estava melhor. Graças a Deus voltei rapidamente à forma. Só espero que as coisas corram bem para trazer a medalha de ouro”, disse numa entrevista ao canal Olympics antes do arranque da competição em Eugene, nos EUA.

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Depois dos ouros, a prata: Pichardo bate recorde nacional e sagra-se vice-campeão mundial de Pista Coberta

Pichardo chegava com a melhor marca do ano a estes Mundiais (17,49) mas nem por isso considerava ser uma vitória “garantida”, até pelo regresso após longa lesão do antigo bicampeão olímpico e tricampeão mundial em título Christian Taylor além das presenças de outros nomes capazes de aspirar às medalhas como Lázaro Martínez, Hugues Fabrice Zango, Donald Scott ou Will Claye. Ainda assim, e além da medalha de ouro que ainda persegue, a questão da dimensão do salto era também de grande importância (menos agora), com o saltador nacional ainda sem desistir de chegar ao recorde mundial.

O desabafo de Pichardo: “Já não sou cubano, faço parte dos cinco portugueses campeões olímpicos. Só quero fazer a minha carreira em paz…”

“O que é preciso? Primeiro, estar bem fisicamente. Depois a cabeça tem que acompanhar o estado físico e o corpo, depois o ambiente. Não pode estar muito calor, nem muito frio. Sem vento também… e a pista tem que ajudar. Estamos a trabalhar para passar os 18,30m pelo menos. Estamos a trabalhar para que isso aconteça”, referiu o campeão olímpico que assegurou o título em Tóquio com 17,98 garantindo depois na zona mista que nos treinos estava com andamento para ir mais longe do que essa marca. Passar os 18 metros, algo que fez como cubano, era quase uma obsessão mas agora o nível era bem mais baixo.

“Qualquer suplente no futebol ganha mais do que eu. É o que me choca”. As confissões de Pichardo, um campeão olímpico (ainda) de férias

Com uma marca de qualificação direta para a final fixada apenas nos 17,05, o apuramento de Pedro Pablo Pichardo para o concurso decisivo na madrugada de sábado para domingo (2h) era quase algo entre a obrigação e a inevitabilidade e demorou apenas uma tentativa a concretizar-se, com o saltador nacional a fazer um primeiro salto a 17,16 que garantiu de imediato o apuramento direto para a final mesmo estando longe daquilo que já conseguiu fazer este ano. No entanto, haveria logo uma surpresa nesta fase.

No grupo A, Pichardo e Zhu Yaming, vice-campeão olímpico em Tóquio, conseguiram o apuramento direto, com o chinês a fazer 17,08. No grupo B, mais dois qualificados diretos para a final com Hugues Fabrice Zango, medalha de bronze nos Jogos (17,15), e Lázaro Martínez, campeão mundial de Pista Coberta (17,06) a passarem a fasquia dos 17,05 no primeiro salto antes de o italiano Emanuel Ihemeje bater o melhor registo máximo pessoal do ano com 17,13. Até aqui, tudo normal. Contudo, e olhando para os restantes melhores, o nome de Christian Taylor ficou de fora, com 16,17, 16,49 e 16,44 que não só o deixaram de fora da final como mostraram que a grave lesão contraída no tendão de Aquiles vai fazer com que demore até chegar à forma que o notabilizou como um dos melhores de sempre. Jean-Marc Pontvianne (16,95), Andrea Dallavalle (16,86), Donald Scott (16,84), Almir do Santos (16,71), Will Claye (16,70), o português Tiago Pereira (16,69) e Eldhose Paul (16,68) conseguiram também o apuramento.