Com a questão dos abusos sexuais de menores no seio da Igreja Católica a marcar a atualidade noticiosa, a organização da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJLisboa2023) quer ser exemplar no cumprimento da “tolerância zero” pedida pelo Papa.

Testemunho na primeira pessoa: “O padre que me violou era o mesmo que pregava um Cristo de amor”

Nós estamos a cumprir aquilo que são desde o início as recomendações da Santa Sé e também as recomendações das organizações anteriores da Jornada Mundial da Juventude”, diz à agência Lusa o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, o bispo Américo Aguiar.

O prelado entende, também, que é necessário “dar graças” por se ter chegado ao momento em que “as vítimas, as pessoas que viveram esses horríveis acontecimentos da sua vida são a prioridade“.

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E isso é importante naquilo que significa a perceção daqueles que se querem inscrever e querem vir participar na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa”, afirma Américo Aguiar, que é também o coordenador da Comissão de Proteção de Menores do Patriarcado de Lisboa, segundo o qual “há um grupo de trabalho específico para corresponder a todas essas prerrogativas e recomendações”, porque quanto “a tolerância zero e a transparência total que o Papa Francisco pede nesta temática (…) nós temos de ser particularmente exemplares”.

Questionado sobre se esta questão é tida em conta no processo de seleção dos voluntários que vão trabalhar diretamente com os milhares de jovens que vão participar na JMJLisboa2023, Américo Aguiar responde: “Sem dizer o que não devo, todos os colaboradores mais diretos, menos diretos da estrutura, mais próxima e menos próxima do Santo Padre, mais próxima ou menos próxima dos lugares sensíveis, mais próxima ou menos próxima desta temática de que estamos a falar, são, devidamente e de acordo com as regras e as recomendações, escrutinados”.

Em Portugal, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) criou no final de 2021 uma Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa, coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, de acordo com o último balanço, de 10 de julho, já validou 352 testemunhos, tendo encaminhado para o Ministério Público 17 casos, que levaram à abertura de 10 inquéritos, segundo informação da Procuradoria-Geral da República à agência Lusa.

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A Comissão Independente, que é constituída também por Ana Nunes de Almeida (socióloga), Daniel Sampaio (psiquiatra), Álvaro Laborinho Lúcio (juiz conselheiro), Filipa Tavares (assistente Social) e Catarina Vasconcelos (realizadora e designer, como membro externo), iniciou funções em janeiro deste ano e espera terminar em dezembro um relatório sobre a situação dos abusos sexuais no seio da Igreja Católica nos últimos 70 anos.

Bispo Américo Aguiar quer todos a participarem no “desígnio nacional”

A um ano exato do início da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJLisboa2023), o bispo responsável pela organização do evento é claro: “É um desígnio nacional” e “vai ser uma experiência inesquecível”.

Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, não esconde o entusiasmo na sede da organização da Jornada, na antiga Manutenção Militar, no Beato, em Lisboa.

“Há pressa no ar! é aquilo que diz o nosso hino (…) e é isso que sentimos”, diz o prelado à agência Lusa, dando nota dos ecos da mobilização da juventude portuguesa que tem estado a ser feita com a peregrinação pelas dioceses dos símbolos da JMJ – a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani.

Começou no Algarve e já vamos na décima diocese, incluindo as ilhas. E para nós foi particularmente importante o pormenor de termos conseguido, com a ajuda da Força Aérea Portuguesa, a presença dos símbolos em todas as ilhas do arquipélago dos Açores. Foi muito importante para nós. É uma prova maior da coesão territorial do nosso país e do povo que somos”, afirma Américo Aguiar

A um ano da jornada, a realizar entre 1 e 6 de agosto, sente-se “a pressa, uma pressa que vai sendo ansiedade e uma pressa que vai sendo também aceitarmos que [para] muito daquilo que é preciso fazer a nossa colaboração é pouca (…) porque o que é necessário fazer implica um pouquinho de cada um e de cada um é de cada português, porque o desígnio é verdadeiramente nacional”.

“Nós estamos a falar de acolher no nosso país, na nossa cidade, nas nossas aldeias, nas nossas vilas, a juventude do mundo inteiro”, acrescenta.

Inicialmente marcada para 2022 e adiada um ano devido à pandemia de Covid-19, a JMJ Lisboa 2023 está, segundo Américo Aguiar, num “crescendo” de mobilização.

Não nos podemos esquecer que o Papa Francisco anuncia a jornada em janeiro de 2019. A jornada muda de 2022 para 2023. Tivemos a circunstância da pandemia e da Covid, que infelizmente ainda vivemos. Temos a circunstância da guerra. Os nossos focos de atenção têm sido alterados mediante aquilo que é a realidade da vida das pessoas”, afirma o responsável pela organização da JMJ, sublinhando a “travagem a fundo” feita no início da pandemia.

O bispo auxiliar de Lisboa exemplifica com o “redirecionamento” feito pela Comité Organizador Local (COL) dos computadores portáteis que tinham recebido no início da pandemia, com vista ao trabalho das equipas responsáveis pela montagem do evento. Com o adiamento da JMJ, “imediatamente os redirecionámos para jovens que na altura precisavam das aulas via telemática e que não tinham esses computadores. E portanto, de um momento para o outro, tínhamos equipamentos, como deixámos de ter, como muitas outras coisas, que nós redirecionámos para aquilo que era a urgência da realidade da vida de cada um”.

Organizar a JMJ obriga a uma grande operação de logística, tendo em conta as estimativas de mais de um milhão de jovens de todo o mundo a confluírem a Lisboa, para um encontro de dimensão como nenhum outro até agora realizado em Portugal.

Temos trabalhado cenários, porque nós não sabemos (…) mas podemos estar a falar de uma jornada que possa ser das mais participadas de sempre se não tivermos pandemia, se não tivermos uma guerra mais generalizada, se não tivermos uma economia que impeça que os jovens possam participar, (…) como podemos ter uma jornada com uma participação mais diminuída em razão destes ‘ses'”, admite o bispo.

Com a sede logística instalada na antiga Manutenção Militar “é interessante dizer que um espaço que tratou da logística da guerra agora trata da logística da paz e fraternidade”, é ali que Américo Aguiar passa cada vez mais hora diárias, já quase a tempo inteiro, para, com o resto da equipa, assegurar que tudo vai estar pronto quando o Papa chegar a Portugal em agosto de 2023.

Reconhecendo o apoio, que diz ser total, do Presidente da República, “o nosso pivô, o nosso maior embaixador”, do Governo, dos autarcas de Lisboa e Loures e das diversas entidades com as quais dialoga com vista a ultrapassar dificuldades, Américo Aguiar realça a capacidade organizativa dos portugueses, nos diversos setores, englobando as forças de segurança e as Forças Armadas, ou os profissionais da saúde.

“Aqui qual é o problema?”, questiona, para responder de imediato: “É a escala. É que o problema é que nós podemos subir uma escada que vai de centena de milhar em centena de milhar”.

Admitindo que “o dossiê da mobilidade é dos mais importantes” com que a organização tem de lidar, face ao interesse manifestado por jovens dos quatro cantos do mundo, mas do continente americano, da América Latina e do Brasil, em particular.

“Quando olho para os números e para as previsões daquilo que vão partilhando, penso: [vai ser necessária] ou ponte aérea ou túnel oceânico”, diz a sorrir, acrescentando que “é uma temática que está já a ser trabalhada, quer com as autoridades do Estado competentes, quer com os vários agentes que são protagonistas e estamos a falar da gestão aeroportuária, das companhias aéreas, das agências de viagens, de todos os agentes que podem ajudar a ir ao encontro das expectativas” dos que querem vir a Portugal.

Entretanto, e porque para a JMJ Lisboa 2023 correr como o desejado é necessário que muitos setores estejam em funcionamento num período tradicional de férias, está a iniciar-se uma ação de “charme” junto de múltiplos parceiros.

Há um conjunto de instituições com quem vamos começar a falar e pedir-lhes ajuda e compreensão e explicar-lhes aquilo que é o desígnio nacional da jornada, e estamos a falar de muitos profissionais, de muitas áreas, estamos a falar da saúde, da segurança, da restauração e muitas áreas que, em princípio, por tradição, se calhar vão de férias em agosto e, em agosto de 2023 nós vamos pedir que sejam connosco anfitriões daquilo que é a chegada da juventude do mundo inteiro” a Lisboa, afirma o bispo.

Américo Aguiar confia numa adesão ao apelo: “Acredito profundamente que somos capazes de assumir este desafio e vamos ter sucesso na sua concretização”.

Papa é figura central de campanha de promoção da Jornada

A figura do Papa Francisco é o centro de uma campanha de promoção da Jornada Mundial da Juventude de 2023 (JMJLisboa2023), lançada esta segunda-feira e que assinala um ano para a abertura do evento, a realizar na capital portuguesa.

A organização da JMJLisboa2023 anunciou que a campanha, assente na figura do Papa Francisco, com o mote “Vemo-nos em agosto de 2023!”, será concretizada através de outdoors e de “uma presença forte” nos meios digitais, apelando à participação de todos neste encontro mundial de jovens.

Todos são convidados a participarem e a se envolverem nesta Jornada, que é, simultaneamente, uma peregrinação, uma festa da juventude determinada em construir um mundo mais justo e solidário”, adianta a organização, que divulga, também, uma mensagem do presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, o bispo auxilia de Lisboa, Américo Aguiar.

“A um ano da JMJ Lisboa 2023 renovo o convite a todos os portugueses para acolher nas nossas casas, aldeias, vilas e cidades, a juventude do mundo inteiro”, apela o prelado.

Nas redes sociais decorre também uma ação com o título “30 dias, 30 perguntas sobre a JMJ”, com o intuito de esclarecer dúvidas sobre o encontro.

Por outro lado, os CTT – Correios de Portugal assinalam a data com a emissão de dois selos e um bloco filatélico, onde se apresentam os principais fios condutores da JMJ.

No total, serão emitidos 150.000 selos e 20.000 blocos que vão espalhar a mensagem desta Jornada por todo o mundo, através dos serviços postais dos correios”, ao mesmo tempo que foi desenvolvido um algoritmo de Realidade Aumentada, que “vai permitir, através de uma aplicação gratuita, que os smartphones com sistema Android ou iOS interpretem a imagem do bloco filatélico e façam correr a mensagem em vídeo do Papa a convidar os Jovens de todo o mundo para esta Jornada”, acrescenta a nota da organização.

Em 2023, a visita do Papa Francisco a Portugal será o tema de nova emissão de selos dos CTT.

Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude, com as principais cerimónias a terem lugar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.

As JMJ nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, tendo já passado por Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).

Preparação com limitações físicas do Papa na ordem de trabalhos

Quando o Papa Francisco chegar a Portugal para a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJLisboa2023), vai ter tudo preparado na capital portuguesa para que os seus problemas de mobilidade não afetem a sua missão.

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A aposta, segundo o bispo responsável pela organização, Américo Aguiar, é preparar tudo para o pior cenário, ou seja, de grandes dificuldades de locomoção do pontífice, esperando, no entanto, que tal não se verifique.

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Desde que assumimos este compromisso (…) que temos colocado todos os cenários possíveis naquilo que significam as limitações de movimentação do próprio Santo Padre e estamos a trabalhar de maneira a que as limitações sejam muitas e as exigências de circulação sejam as menores possíveis”, diz o bispo à agência Lusa.

“Mas não está a ser o problema maior, contando nós, a esta distância, preparar o que for necessário. Depois, se não for necessário, também não será obstáculo”, acrescenta.

O que ainda não é conhecido é o programa que o Papa cumprirá na sua segunda visita a Portugal, a primeira foi em 2017, para a canonização dos videntes de Fátima, Jacinta e Francisco Marto, no centenário das aparições.

Vamos começar a trabalhar o programa do Papa mais em janeiro/fevereiro”, adianta Américo Aguiar, admitindo que “há coisas em aberto que se querem marcar e que não estão marcadas”, embora “o esqueleto do programa da jornada é sempre o mesmo, não há alteração nenhuma”, ou seja, a vigília de sábado para domingo e a missa final de domingo contarão com a presença do Papa.

“E depois há aquilo que é o programa oficial e depois há o programa oficioso, que é aquilo que vem do coração e da vontade do próprio Papa, durante esse tempo em que estiver connosco, naquilo que significam as suas visitas, as suas deslocações”, reconhece o prelado, acrescentando que há uma deslocação que Francisco já lhe sinalizou, bem como ao Presidente da República, ao Governo, aos cardeais António Marto e Manuel Clemente, “que é querer antes, durante ou no fim, ir a Fátima. Portanto, isso também (…) fará parte da programação”.

E que experiência vão ter os jovens que vierem a Lisboa em agosto de 2023? “Eu imagino que vai ser uma experiência única. Quem já teve a graça de testemunhar no terreno as Jornadas Mundiais da Juventude, vê que é qualquer coisa inesquecível”, assegura o bispo.

“Estou a ver — e penso que posso ajudar a entender um bocadinho — o Panamá [país que acolheu a última JMJ, em 2019] à chegada das várias delegações. Os miúdos a falar as suas línguas, inglês, espanhol, francês e outras, como alemão e polaco e por aí fora e, a certa altura, começo a ouvi-los a falar uma língua nova que não é o inglês, não é bem espanhol, é uma coisa, uma mescla daquilo que significa a facilidade com que os jovens comunicam”, afirma Américo Aguiar.

E exemplifica de forma mais expressiva: “Vamos testemunhar aquilo que significam as multidões das redes sociais onde eles normalmente habitam, para aquilo que é os olhos nos olhos, coração a coração e, de um momento para o outro, vais ter centenas de milhares de jovens como um rio a circular pela cidade, a circular pela Grande Lisboa, naquilo que significa este encontro, esta festa da fraternidade universal que o Papa nos pede”.

E para este encontro, o convite é feito também aos jovens não-católicos.

Não é feito a nenhuma religião, a nenhuma sensibilidade, nem a nenhum setor particularmente especial. O convite para a Jornada Mundial da Juventude, todos os papas o fizeram aos jovens do mundo inteiro e é isso que nós temos replicado e é esse esforço que temos feito”, diz o bispo auxiliar de Lisboa.

Na peregrinação dos símbolos da Jornada, a decorrer nas dioceses até ao início da JMJ, afirmou: “O que temos feito é ir ao encontro dos jovens, até fora daquilo que é o nosso ambiente cristão, católico porventura, e portanto, a nossa obrigação é convidar todos, depois cada um decidirá na sua liberdade se vai, se não vai, se diz sim ou diz não”.

“Nós somos um povo aberto, portanto não é problema para nós especial, mas é uma oportunidade de reforçarmos que o convite é para todos e que o pórtico da entrada da jornada não tem portinhas, nem janelinhas, nem secções. É uma porta aberta, escancarada para todos, lembrando a frase do Papa João Paulo II no início do seu pontificado: ‘Abri as portas do coração a Cristo'”, frisa.

E o convite vai ser feito de forma especial nesta semana, entre quarta-feira e domingo, em Santiago de Compostela, na Peregrinação Europeia de Jovens (PEJ), que contará com a presença dos símbolos da JMJ – a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani e, pelo menos, do bispo Américo Aguiar e do cardeal António Marto, este como enviado especial do Papa Francisco.

A PEJ é encarada como “o pontapé de saída do countdown dos 365 dias” para a JMJ e a presença portuguesa vai servir para “ativar a marca” JMJ Lisboa 2023 junto de muitos milhares de jovens europeus.

No fim de semana de 6 e 7 de agosto, o programa da PEJ replicará um pouco “aquilo que são os eventos centrais da Jornada Mundial da Juventude: há uma vigília e uma celebração que vai ter uma especial presença do cardeal Marto, porque o cardeal Marto é o legado pontifício que o papa Francisco envia e por isso, para nós também é particularmente simbólico e importante que este legado seja português, que este legado leve Fátima no seu coração e que este legado possa também fazer esta ponte ibérica de Compostela a Lisboa”, afirma Américo Aguiar.

Capacidade de acolhimento portuguesa vai fazer a diferença

A capacidade de acolhimento dos portugueses é o aspeto que, para Duarte Ricciardi, secretário-executivo do Comité Organizador Local da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJLisboa2023), vai diferenciar o evento em Portugal em relação aos anteriores.

O programa das Jornadas é mais ou menos standard. Para mim, a grande diferença [da JMJ de Lisboa] faz parte da nossa identidade, que é a capacidade de acolhimento que os portugueses têm, e eu acho que isso vai fazer muita diferença no ambiente que vamos viver depois do período que estamos a passar, com a guerra, a vir de uma pandemia que afetou a vida de toda a gente no mundo inteiro”, acredita Duarte Ricciardi, a um ano do início do grande encontro mundial de jovens com o Papa.

Instalado num gabinete da antiga Manutenção Militar, no Beato, em Lisboa, Duarte, gestor de profissão, diz que a organização não lhe tira o sono, focando-se em dois grandes objetivos: “Um é que toda a gente se sinta convidada a estar na JMJ e, portanto, temos esse desafio de comunicação, de chegar a todos, de bater às portas de toda a gente, e que todos os jovens, independentemente da religião, se sintam bem-vindos. Depois temos a parte mais logística de garantir que preparamos tudo para bem receber todos os peregrinos e todas as pessoas que vierem à JMJ”.

“Isto engloba obviamente muitas coisas, muita da parte de preparação do espaço e de toda a parte da segurança, dos transportes, etc. E também de toda a parte do conteúdo, o que é que vai ser a jornada, o que é que vai estar em cada uma das cerimónias e o fio condutor de toda a semana”, acrescenta.

Na sede da JMJ estão já a trabalhar cerca de 70 voluntários num dia normal, “e depois temos à volta de 400/500 pessoas a trabalhar no Comité Organizador Local, portanto aqui na estrutura mais central e um número semelhante a trabalhar em todas as dioceses”, diz o gestor, revelando que “fazem um bocadinho de tudo o que é preciso para preparar” o evento.

Com a abertura das inscrições prevista para o final do verão, são muitos os contactos diários que recebem de todo o mundo. “Normalmente querem saber os preços, querem saber como é que podem viajar se precisarem de visto, muitos já querem saber onde é que vão ficar alojados. Há muitas pessoas que querem saber o máximo de informação possível para prepararem bem a sua vinda para a jornada”, diz Duarte Ricciardi.

Para o período da JMJ, a organização conta ter entre 20.000 e 30.000 voluntários, para acompanharem os mais de um milhão de jovens que se vão distribuir, em termos logísticos, pelas dioceses de Lisboa, Setúbal e Santarém.

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Todas as dioceses, porém, são chamadas ao esforço de receção dos jovens, nos chamados Dias nas Dioceses, que ocupam a semana anterior e que vão permitir o contacto com as diferentes regiões do país.

Já a trabalhar como voluntário, Jorge Morais, de 31 anos, farmacêutico e que será “chefe de equipa”, mostra-se entusiasmado por participar, entendendo que “como católico, [a participação é resposta a] um convite do Santo Padre, que diz naquela frase célebre ‘saiam do sofá, calcem as botas e sejam vocês também protagonistas da marca que querem deixar'”.

“Mas, ao mesmo tempo, gostaria de referir que é um convite do Santo Padre para todos”, diz Jorge Morais, explicando que os chefes de equipa vão ser responsáveis por grupos de “mais ou menos 15 voluntários, que podem estar alocados ao nível paroquial ou ao nível central”.

“Se for a nível central, estaremos nos eventos, mais com o Santo Padre, mais pela cidade de Lisboa. Se for a nível paroquial, vamos estar muito focados no acolhimento dos peregrinos, na ajuda de toda a logística, de refeições e também dar a conhecer a comunidade local”, afirma, acrescentando esperar que, no final do evento, fique “a marca da juventude” e como esta “pode deixar uma marca quando é chamada a intervir”.

Já Patrícia Pereira, de 22 anos, estudante no segundo ano do mestrado em Jornalismo, e voluntária na equipa de Comunicação, espera ver perdurar “o espírito jovem e o espírito de missão” no pós-2023.

“Este é um evento principalmente feito por voluntários e, portanto, é preciso os jovens saírem de si mesmos e irem ao serviço”, diz Patrícia.

Segundo esta jovem, que tem no seu grupo de amigos “muita gente que não conhecia a jornada”, o facto de lhes dizer que é voluntária na equipa da JMJLisboa2023 “já desperta curiosidade”.

“É uma oportunidade de dar a conhecer o que é jornada e, principalmente, transmitir que a jornada é aberta a todos. E pode ser um evento essencialmente católico, mas é aberto a todos. Toda a gente pode experienciar a jornada”, afirma, frisando que os jovens estão a mostrar muita abertura para conhecer o que será o evento, pelo que espera que a experiência seja vivenciada também por muitos que só agora estão a despertar para o encontro que vai encher o Parque Tejo, na zona ribeirinha a norte do Parque das Nações, no início de agosto do próximo ano.