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Armas, armas e mais armas. São esses os pedidos que a Ucrânia tem feito, de forma insistente, aos países que estão a apoiá-la contra a invasão russa, mas há um aliado em particular que estará a desiludir os ucranianos: a Espanha. Do lado da Ucrânia até já há, de resto, quem comente que “até Portugal” tem sido “muito mais generoso” a enviar armas para o país em guerra.

A história é contada pelo El Mundo, que cita várias fontes militares ucranianas sob anonimato e, segundo as quais, o desconforto do lado do país de Volodymyr Zelensky é evidente. Perante o envio de armas e materiais de tantos outros países — incluindo as 315 toneladas de material militar enviado por Portugal — só haverá mesmo um aliado que estará a “enfurecer” e irritar os políticos e militares ucranianos, diz o jornal.

“Vão deixar-se enganar por Espanha de novo?”, perguntava um dos participantes no canal de Telegram de Oleksiy Arestovich, assessor militar de Zelensky, que tem centenas de milhares de seguidores. Outro perito militar, também citado pelo El Mundo, lança a comparação com Portugal: “Até Portugal, um país mais pequeno, foi muito mais generoso” — com Espanha, há sempre algum “problema” que acaba por impedir o envio de material militar. Entre as reações sob anonimato de fontes do governo ucraniano registam-se os mesmos sentimentos: “surpresa” e “desilusão”.

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Em abril, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, esteve em Kiev e visitou Zelensky. Ao lado do Presidente ucraniano prometia então “o maior envio de armamento” até à data ao país, garantindo que estaria a caminho da Polónia um total de 40 veículos (30 camiões e 10 ligeiros) transportando 200 toneladas de material.

Problema: afinal, os camiões chegaram à fronteira, deixaram as armas e voltaram para trás; os ucranianos estavam a contar ficar com os próprios veículos. Em junho, foi sugerido o envio de 40 tanques Leopard 2 A4 que fazem parte da reserva espanhola e que estariam em bom estado, mas a precisar da autorização da Alemanha, uma vez que os veículos teriam origem alemã — mas a Alemanha confirmou que não tinha chegado a receber nenhum pedido oficial de Espanha nesse sentido.

Entretanto, a oferta passou de 40 para 10 tanques e acabou por não acontecer de todo, com a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, a vir a público dizer que os veículos prometidos estavam, afinal, num estado “absolutamente lamentável” e seriam um risco para quem os utilizasse.

O desconforto já se tinha tornado público e assumido nessa altura, quando o embaixador da Ucrânia em Espanha, Sergey Pohoreltsev, se reuniu com a ministra e argumentou, à saída do encontro, que “se alguém quer ajudar, procura e encontra sempre uma forma de o fazer”.

Nessa altura, no início de agosto, o diplomata fazia votos de que Espanha enviasse em “pouco tempo” o material prometido e lembrava que este inverno será difícil para o país, enquanto a ministra respondia que o país fará tudo o que estiver “dentro das suas possibilidades”. Tudo isto numa altura em que o envio de material é um assunto sensível dentro do próprio governo espanhol, uma vez que o partido minoritário, o Unidas Podemos, é contra estas medidas e pressiona o PSOE nesse sentido.

Portugal já enviou 315 toneladas de material para a Ucrânia

No caso de Portugal, segundo a informação prestada pela ministra da Defesa, Helena Carreiras, no Parlamento no final de julho, já foram enviadas 315 toneladas de material militar (equipamento de proteção, munições, armamento, material médico e sanitário, drones) para a Ucrânia, embora com algumas demoras justificadas com a necessidade de organizar o transporte “no quadro de coordenação internacional” e sem mais custos para os contribuintes portugueses. Na altura, a governante disse já ter recebido um agradecimento do executivo ucraniano pela ajuda.