A TAP registou prejuízos de 202,1 milhões de euros no primeiro semestre do ano, revelou a companhia esta terça-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O valor compara com os 493 milhões de euros de perdas registados no mesmo período do ano passado. No segundo trimestre, os prejuízos da companhia ascenderam a 80 milhões de euros.

No comunicado enviado ao mercado, a companhia ressalva o aumento das receitas até junho de 938% para 1 321,2 milhões de euros, face aos 383 milhões do ano anterior. O resultado operacional foi, ainda assim, positivo, situando-se em 4,4 milhões de euros, mais 381,7 milhões face ao período homólogo.

[Pode ouvir aqui a análise da editora-adjunta de Economia do Observador aos números da TAP]

“É uma evolução positiva nos resultados da TAP”. A análise da editora adjunta de economia aos prejuízos da TAP

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Já no segundo trimestre, as receitas operacionais “foram quase quatro vezes superiores às do mesmo período do ano passado”, destaca a TAP, passando para 830,6 milhões, o que equivale a 99% das receitas operacionais do segundo trimestre de 2019. “Este fator foi predominantemente impulsionado pelo aumento das tarifas e maior capacidade, resultando num aumento das receitas do segmento de passageiros” para 740 milhões de euros, face aos 586,4 homólogos. O EBIT do segundo trimestre foi de 66,4 milhões de euros e o EBIT Recorrente cifrou-se em 47,9 milhões, “acima dos níveis pré-crise, apesar do contexto macro e da indústria desfavorável”.

TAP regista prejuízo de 493 milhões até junho, mas destaca recuperação no 2º trimestre

A TAP refere que na primeira metade do ano, as receitas atingiram 91% do valor registado na primeira metade do ano, percentagem que sobe para 99% no segundo trimestre. O número de passageiros quadruplicou face a 2021, situando-se em 82% do nível apurado em 2019.

A capacidade (medida em ASK) aumentou cerca de três vezes em comparação com o segundo trimestre de 2021, com o Load Factor a melhorar 32 pontos percentuais. face ao mesmo período do de 2021, atingindo 80,4%. Em comparação com o segundo trimestre de 2019, os ASK estão a 92% e o Load Factor a 96% dos níveis pré-crise.

A penalizar os resultados estiveram o agravamento do preço do petróleo que duplicou (subida de 106%) face ao ano de 2021 e a valorização do dólar face ao euro. Só 12% da proteção contra risco do preço dos combustíveis estava contratada em euros no segundo trimestre. Os instrumentos de hedging cobrem cerca de 50% das necessidades previstas de jetfuel.

Citada na nota,  a CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, ressalva que “o segundo trimestre registou uma procura muito saudável e receitas por passageiro mais elevadas”, o que permitiu à companhia compensar o aumento nos custos. “O contexto continua difícil e as perspetivas de procura para o quarto trimestre e próximo ano mantém-se incertas. A execução do plano de reestruturação continua a ser fundamental”, nota a CEO.

Sobre a situação de forte pressão nos aeroportos, a TAP informa que cancelou preventivamente 156 voos em agosto para minimizar o risco de disrupção, tendo transferido 14 mil passageiros para outros voos da companhia. A empresa criou uma taskforce para lidar com a falta de capacidade de resposta nos aeroportos face à procura.