É sete vezes maior do que Júpiter, fica 92 vezes mais distante da sua estrela do que a Terra fica do Sol, está na direção da constelação de Centauro e é preciso viajar quase 400 anos à velocidade da luz — perto de 300 milhões de metros por segundo — para chegar até ele. HIP 65426 b, um mundo quente e jovem (tem só 14 milhões de anos, enquanto a Terra tem mais de 4,5 mil milhões), tornou-se o primeiro exoplaneta a ser fotografado diretamente por um telescópio no espaço — o James Webb.

HIP 65426 b já era conhecido dos cientistas: foi identificado em julho de 2017 por um consórcio que fareja planetas fora do Sistema Solar pelas lentes do Observatório Europeu do Sol. E foi para ele que a equipa de Sasha Hinkley, astrónomo da Universidade de Exeter, direcionou todas as atenções para treinar o Telescópio James Webb a fotografiar exoplanetas. É que só há 20 imagens diretas deste tipo de corpos celestes, todas obtidas por telescópios instalados em terra firme.

A imagem do James Webb foi obtida com grande precisão porque o telescópio captou a radiação infravermelha irradiada por HIP 65426 b — uma tarefa difícil de cumprir na Terra porque a atmosfera escuda a maior parte das ondas eletromagnéticas no espectro do infravermelho. Segundo Sasha Hinkley, “estar aqui na Terra realmente estabelece um tecto de sensibilidade para o que somos capazes de detetar”. Até agora, o planeta de menor massa que se detetou a partir da Terra tem duas vezes a massa de Júpiter.

Fotografar HIP 65426 b no espaço também não é especialmente fácil porque o brilho da estrela que o exoplaneta orbita o ofusca. O telescópio tem mesmo de se servir de um instrumento chamado coronógrafo para tapar a luz da estrela e observar a radiação eletromagnética vinda do planeta. Mas HIP 65426 b também oferece uma vantagem: por ter nascido há pouco tempo e por ser muito quente (tem quase 1.300ºC), também emana muita radiação infravermelha.

Esta imagem é tão nítida que os cientistas acreditam que o telescópio pode também encontrar mundos mais pequenos. “O que sabemos dessas observações é que o Telescópio James Webb vai ultrapassar o tecto de sensibilidade [em relação aos telescópio na Terra]”, prosseguiu Sasha Hinkley: “Vai permitir-nos chegar a planetas que são análogos de gigantes gelados no nosso próprio sistema solar. Podem ser coisas como Saturnos, ou possivelmente até Neptunos, se tivermos sorte”.

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