O plano Energia para Avançar apresentado pelo Governo para apoiar as empresas não tem medidas “com impacto efetivo e material na contenção da escalada dos preços da energia”, afirma em comunicado a associação que integra as maiores consumidoras de eletricidade, algumas das maiores indústrias nacionais.

Não obstante sinalizar “algumas virtualidades”, a APIGCEE conclui que o “anunciado plano de apoio não apresenta medidas que façam efetivamente baixar os preços da eletricidade e de gás natural (+365% no preço da eletricidade no caso de alguns associados), o que dificulta a continuidade de algumas das maiores empresas geradoras de riqueza e de emprego no nosso país.”

A APIGCEE (Associação Portuguesa dos Industriais de Grandes Consumidores de Energia Elétrica) refere, em particular, que a majoração de 20% em IRC dos custos com eletricidade e gás “não terá impacto a curto prazo”, mas apenas no próximo ano e apenas para quem em lucro. Apesar de estar mais focada na eletricidade, a associação considera que o reforço dos valores das subvenções públicas para os gastos de gás são “manifestamente insuficientes para fazer face ao aumento dramático do custo com gás natural”. E mesmo as medidas do apoio de cinco milhões de euros para empresas com EBITDA (margem de exploração) negativo “não são eficientes nem adequadas às empresas de energia intensiva que precisam de uso intensivo de capital e que “não conseguem sobreviver com EBITDA negativo, mesmo que reduzido”.

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A associação lamenta que não tenham sido consideradas as propostas que fez e que teriam “um impacto orçamental nulo” e iriam incidir diretamente nos preços da energia. O regresso à tarifa regulada do gás para empresas, a devolução ao sistema elétrico das receitas de CO2 emitidas e não usadas e o estabelecimento de contratos bilaterais para a compra de energia com o comercializador de último recurso de eletricidade, eram algumas das propostas.

A associação que representa empresas como a Navigator, a Cimpor, a Bondalti, a Siderurgia e a Somincor, considera ainda que as propostas apresentada pela presidente da Comissão Europeia ao Estados-membros “não serviram ainda de mote ao atual plano de apoio na captação de fundos” que não onerem o Orçamento

E avisa que o “próprio mecanismo ibérico de ajuste temporário de custos de produção de energia” no mercado grossista tem “revelado aspetos perversos que originam custos de ajuste não compagináveis com a laboração de empresas em períodos de vazio e supervazio, deslocando consumos para os períodos de cheia e ponta, contrariando a boa gestão do sistema elétrico”. Uma das associadas da APIGCEE, a Siderurgia da Maia, suspendeu a produção à noite.