O caminho era relativamente fácil de traçar no grupo 3 da Liga A da Liga das Nações depois de se conhecer o sorteio: havia um favorito destacado, sim, mas a descer à Liga B. Esse era o papel teórico que competia à Hungria, sendo que o peso que teria ao longo dos seis encontros era a capacidade de conseguir tirar ou não pontos a Alemanha, Inglaterra e Itália na corrida pela primeira posição. Num instante, tudo mudou.

O cântico “You don’t know what you’re doing” que resume tudo: Inglaterra de Southgate sofre pior derrota caseira em quase um século

Os magiares começaram por ganhar em Budapeste à Inglaterra mas perderam de seguida com a Itália em Cesena e nem o empate em casa com a Alemanha fazia a possibilidade de apuramento passar de um sonho tendo em conta o calendário que se avizinhava. Se até a Hungria já tinha sido grande, nas duas partidas a seguir tornou-se gigante com uma goleada em Wolverhampton por 4-0 diante dos britânicos e mais um triunfo em Leipzig frente aos germânicos. À entrada para a última ronda, a previsível classificação estava virada ao contrário: a Inglaterra, finalista vencida do último Europeu depois de chegar às meias do Mundial, ficou em último e desceu à Liga B; a Alemanha, crónica candidata a vencer tudo, tinha apenas um triunfo em cinco jogos; a Itália, campeã europeia em título que falhou o apuramento para o Qatar e que parecia estar em fim de ciclo, tinha hipóteses de apuramento; e a Hungria só precisava de um empate.

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Hungria vence Alemanha e está a um passo da final four, Itália ganha e faz Inglaterra descer de divisão na Liga das Nações

“Há décadas que um representante do futebol húngaro não chega aos quatro melhores em qualquer prova. Por outro lado, há um importante jogador [Ádám Szalai] que vai efetuar o último desafio pela seleção. E a atmosfera poderia atingir o pico se ganharmos o grupo. É uma sensação que adoraríamos experimentar. Temos de ser humildes e tentar um desempenho a 110%. Essa é a atitude que os adeptos apreciam, mesmo que não ganhemos. Temos de respeitar a camisola da Hungria”, destacara o selecionar da Hungria, Marco Rossi (italiano a treinar desde 2012 no país que chegou ao conjunto nacional em 2018). “O Marco Rossi tem feito um ótimo trabalho. Fez um importante Euro e lidera o grupo da Liga das Nações. A qualificação seria importante especialmente para os mais jovens, porque poderiam ganhar experiência em provas de prestígio”, salientara Roberto Mancini, campeão europeu que falhou uma vaga no Mundial.

No início, o ambiente que se vivia na Puskas Arena também mexeu com o jogo sem ser capaz de empurrar mais a Hungria para a frente ao contrário do que aconteceu com a Itália, que foi começando a ter um maior controlo das operações e a colocar os dois laterais com grande projeção ofensiva para criar muitos desequilíbrios. Ainda assim, o golo inaugural dos transalpinos teria muito demérito húngaro à mistura, com Gnonto a pressionar bem na primeira fase de construção, a segunda bola a ressaltar para Raspadori e o avançado a inaugurar o marcador. Em Wembley, num encontro histórico mas sem golos, a Inglaterra teve um ligeiro ascendente com Harry Kane a ficar muito perto de um momento à Van Basten.

A Hungria saía a perder mas estava tudo menos derrotada, com Donnarumma a ter duas defesas fabulosas seguidas, a última das quais com Adam Szalai sozinho na pequena área, antes de Di Marco aumentar para 2-0 na melhor jogada ofensiva com assistência de Cristante após início a passar por Rasapadori e Barella. Mesmo a perder, e com Callum Styles a ter uma entrada endiabrada que conseguiu desmontar a estrutura defensiva contrária, a Hungria não desistiu, foi criando oportunidades mas bateu sempre numa muralha chamada Donnarumma, que voltou ao nível Euro-2020 para segurar a qualificação.

Em Inglaterra, 35 minutos de loucos no segundo tempo trouxe uma reviravolta (entretanto anulada) com tanto de justa como de inesperada em Wembley com seis golos que ditaram um empate: Gündogan fez o golo inaugural numa grande penalidade, Havertz aumentou num remate fantástico ao ângulo, os ingleses deram a volta em pouco mais de dez minutos por Luke Shaw, Mason Mount (outro grande golo) e Harry Kane de grande penalidade mas Havertz aproveitou um erro de Nick Pope e fez o 3-3 final aos 87′.

  • Minuto 1. Hungria na Final Four (11), Itália (9), Alemanha (7) e Inglaterra na Liga B (3)
  • Minuto 27. Golo da Itália, 0-1 por Raspadori. Itália na Final Four (11), Hungria (10), Alemanha (7) e Inglaterra na Liga B (3)
  • Minuto 45. Itália na Final Four (11), Hungria (10), Alemanha (7) e Inglaterra na Liga B (3)
  • Minuto 52. Golo da Itália, 0-2 por Di Marco. Itália na Final Four (11), Hungria (10), Alemanha (7) e Inglaterra na Liga B (3)

  • Minuto 52. Golo da Alemanha, 0-1 por Gündogan (g.p.). Itália na Final Four (11), Hungria (10), Alemanha (9) e Inglaterra na Liga B (2)
  • Minuto 67. Golo da Alemanha, 0-2 por Havertz. Itália na Final Four (11), Hungria (10), Alemanha (9) e Inglaterra na Liga B (2)

  • Minuto 72. Golo de Inglaterra, 1-2 por Luke Shaw. Itália na Final Four (11), Hungria (10), Alemanha (9) e Inglaterra na Liga B (2)
  • Minuto 75. Golo de Inglaterra, 2-2 por Mason Mount. Itália na Final Four (11), Hungria (10), Alemanha (7) e Inglaterra na Liga B (3)
  • Minuto 83. Golo de Inglaterra, 3-2 por Harry Kane (g.p.). Itália na Final Four (11), Hungria (10), Alemanha (6) e Inglaterra na Liga B (5)

  • Minuto 87. Golo da Alemanha, 3-3 por Havertz. Itália na Final Four (11), Hungria (10), Alemanha (7) e Inglaterra na Liga B (3)

  • Minuto 90. Itália na Final Four (11), Hungria (10), Alemanha (7) e Inglaterra na Liga B (3)