A convicção entre vários responsáveis militares norte-americanos é a de que, a manter-se o ritmo de reconquista do território que as forças armadas ucranianas estão a levar a cabo, a Ucrânia poderá conseguir tomar até a península da Crimeia, que está sob domínio russo desde 2014.

Esta é uma mudança na perceção dos militares norte-americanos, que até aqui consideravam esse objetivo como impossível. “A reconquista da Crimeia pela Ucrânia é agora uma possibilidade distinta e já não pode ser excluída”, garantiu ao The Telegraph um responsável do governo norte-americano.

A perceção dos Estados Unidos deve-se sobretudo ao ritmo com que a ofensiva ucraniana está a avançar. Nos últimos dias, o exército ucraniano conseguiu avanços em várias frentes, incluindo perto de Kherson, cidade do sul ocupada desde o início da guerra.

É claro que a Rússia já não tem capacidade ou força de vontade para defender posições-chave. Se os ucranianos forem bem-sucedidos no seu objetivo de reconquistar Kherson, então há uma possibilidade real de que, em última instância, possam reconquistar a Crimeia”, acrescentou a mesma fonte.

A Crimeia passou a ser território de facto russo desde 2014, após a realização de um referendo. Até agora, era vista como uma zona estratégica para a Rússia, que tem ali estacionada grande parte da sua poderosa frota do Mar Negro.

Esta semana, a vice-secretária da Defesa norte-americana, Laura Cooper, lembrou que “a Crimeia é ucraniana” e disse que o governo dos EUA está confortável com a possibilidade de as armas que enviou para a Ucrânia serem usadas para tentar recapturar a península. A Rússia reagiu, classificando essas declarações como “extremamente perigosas” e clarificando que considera que o uso dessas armas equivale a um “envolvimento direto dos Estados Unidos no conflito”.

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