Os vereadores eleitos por um movimento independente em Torres Vedras levantaram esta segunda-feira dúvidas quanto à gestão dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), que passaram a dar prejuízo com a incorporação do serviço de resíduos sólidos urbanos (RSU).

Em conferência de imprensa, os vereadores Sérgio Galvão e Diogo Guia, do movimento independente Unidos por Torres Vedras, afirmaram que “os SMAS deixaram de ter autonomia financeira com a incorporação dos RSU”.

As consequências desta opção desastrosa foram o contínuo aumento das tarifas de RSU, pelo que são os torrienses a pagar a injeção sistemática de capital da câmara municipal nos SMAS”, consideraram.

Os independentes acusaram a maioria socialista de “erro crasso de gestão” nos SMAS e pediram a reversão para a câmara municipal do serviço de RSU.

Questionada pela Lusa, a presidente da câmara, Laura Rodrigues, disse que “é escusado pedirem a reversão, porque é algo que [os socialistas] não vão equacionar”.

Segundo dados divulgados pelos vereadores da oposição, os SMAS apresentaram, em 2021, um resultado negativo de cerca de 616 mil euros.

Aos resultados positivos da água (292 mil euros) e do saneamento (301 mil euros) contrapôs-se um saldo negativo dos RSU de 1,2 milhões de euros, montante idêntico ao que o município vai transferir para os SMAS.

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Os vereadores independentes lembraram o estudo que serviu de base à decisão da autarquia em transferir o serviço dos RSU para os SMAS, segundo o qual, no futuro, haveria contas equilibradas dos serviços municipalizados com margem para reduzir gastos e investimentos de 40 milhões de euros em 15 anos, sem recurso ao aumento das tarifas.

Tal como os Unidos por Torres Vedras previram, a câmara municipal vai, só no ano de 2022, transferir 1,2 milhões de euros para os SMAS e, mais uma vez, serão os cidadãos a pagar a fatura final das más decisões de gestão”, insistiram.

A presidente do executivo sublinhou que “houve um brutal aumento da tarifa de RSU pela Valorsul” que não era esperado, o que tem “sido contestado pelos municípios”, e perspetivou que “ao longo dos anos vai ficar tudo equilibrado”.

O executivo municipal, no distrito de Lisboa, aprovou esta segunda-feira, com os votos a favor da maioria socialista e os votos contra dos vereadores independentes e do PSD, a proposta de tarifários da água, saneamento e RSU para 2023.

A proposta, a que a Lusa teve acesso, prevê, em termos gerais, a manutenção das tarifas de água e saneamento e um aumento de 22% na de RSU.

Um consumidor doméstico de 10 metros cúbicos por mês vai ter um acréscimo anual de 3,48 euros, o que representa um aumento de 0,29 euros/mês, refere a autarquia na proposta.

Os vereadores independentes criticaram o aumento de quase 50% em dois anos na tarifa de RSU, considerando-o “significativo” no contexto de “outros aumentos” que os cidadãos estão a ter nos seus orçamentos municipais.

Já a socialista Laura Rodrigues considerou tratar-se de “valores muito baixos” e lembrou que se mantém o tarifário social para famílias carenciadas.