A ministra do Interior britânica, Suella Braverman, tornou-se, esta quarta-feira, a segunda baixa, no espaço de uma semana, do governo de Liz Truss. Segundo a imprensa britânica, Braverman apresentou a demissão após cometer um “erro” ao enviar um documento oficial do email pessoal, quebrando as regras de segurança do governo.

Na carta de demissão, revelada pela Sky News, a agora antiga governante assume as responsabilidades pelo erro mas aproveitou a ocasião para reconhecer divergências com Truss, nomeadamente sobre a política migratória, alegando que estão em risco promessas feitas aos eleitores de reduzir a imigração. A antiga ministra deixou uma crítica pessoal à primeira-ministra, que renovou no parlamento o pedido de “desculpas” pelos “erros” cometidos na estratégia económica.

“O funcionamento do Governo depende de as pessoas aceitarem responsabilidade pelos seus erros. Fingir que não cometemos erros, continuar como se ninguém visse que os cometemos, e esperar que as coisas fiquem bem por magia não é sério politicamente. Eu cometi um erro, eu aceitei responsabilidade, eu demiti-me”, afirmou Braverman.

Em debate marcado por pedidos de demissão, Liz Truss compromete-se com aumento de pensões em linha com a inflação

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Pouco tempo depois de ser conhecida a saída de Braverman, foi tornado público que o seu cargo ia ser ocupado pelo antigo ministro dos Transportes Grant Shapps. O novo governante, que apoiou o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak nas eleições para a liderança do Partido Conservador, tinha sido afastado por Liz Truss em setembro quando esta sucedeu a Boris Johnson na liderança do executivo britânico, formando um governo maioritariamente de apoiantes.

O antigo ministro tornou-se desde então um dos deputados conservadores mais críticos da primeira-ministra britânica devido aos cortes fiscais que esta seria forçada a retirar face à turbulência financeira que causou nos mercados.

Liz Truss tem estado sob intensa pressão desde o anúncio de um pacote de cortes fiscais em 23 de setembro que foi questionado por investidores por não explicar como seria financiado, criando receios sobre o descontrolo da dívida pública.

Nos dias seguintes, o valor da libra caiu e os juros das obrigações do Estado britânico aumentaram de forma acentuada, levando o Banco de Inglaterra a intervir para evitar que a crise se propagasse à economia em geral e ameaçasse fundos das pensões.

Para tentar reagir, a primeira-ministra despediu na semana passada Kwasi Kwarteng do cargo de ministro das Finanças, substituindo-o por Jeremy Hunt, um crítico das políticas de Truss.

Na segunda-feira, após apenas três dias em funções, Jeremy Hunt cancelou quase todos os cortes fiscais anunciados, alterou o pacote de garantia dos preços da energia e recuou na promessa de não haver cortes na despesa pública.

Esta quarta-feira, Truss recusou pedidos para se demitir, respondendo no parlamento que é uma “lutadora e não uma desistente”.  “Agi no interesse nacional para garantir a estabilidade económica”, reivindicou.