O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, assume que há “muito trabalho” pela frente antes que o acordo sobre as exportações de cereais ucranianos possa ser renovado. O acordo foi assinado pela Rússia e a Ucrânia com a Turquia e a Organização das Nações Unidas (que mediaram as negociações) para desbloquear os cereais retidos nos portos ucranianos. Com previsão para acabar em novembro, Moscovo já ameaçou não renovar.

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Numa conferência de imprensa esta segunda-feira, o ministro russo disse querer que as Nações Unidas providenciem evidências sobre o destino final das exportações, refere a CNN. Segundo Lavrov, as nações mais pobres só estão a receber entre 5% a 7% dos cereais, enquanto o resto vai para os países europeus.

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“Os países europeus dão a seguinte explicação: ‘Sim, sim, recebemos a maior parte dos cereais ucranianos, mas depois são distribuídos pelo mundo, incluindo os países mais pobres’. Gostava de ter uma imagem mais clara”, explicou, assumindo que pediu ao secretariado da ONU que envie mais dados sobre as exportações. A informação será usada para decidir se a Rússia permanecerá no acordo, acrescentou.

Lavrov aproveitou para criticar o incumprimento da parte do acordo que permitia à Rússia exportar produtos alimentares e fertilizantes. “Praticamente não foi implementada”, atirou. “O acordo expira em novembro e nós partimos do facto de que antes da questão do prolongamento seja considerada, todas as questões mencionadas serão respondidas de forma satisfatória”.

O argumento já tinha sido usado pelo embaixador russo das Nações Unidas em Genebra. Gennady Gatilov disse na semana passada que a Rússia enviou uma carta ao secretário-geral da ONU, em que diz estar pronta para não renovar o acordo vigente sobre a exportação de cereais, alegando que o país está a enfrentar dificuldades para realizar as suas exportações.