Dois sindicatos dos enfermeiros, SITEU e Sindepor, remeteram para 2 de novembro um eventual acordo com o Governo sobre progressão nas carreiras, após o seu desacordo em relação à proposta apresentada na questão dos retroativos.

“Será para assinar o acordo no dia 2 se efetivamente chegarmos a acordo, porque estamos em divergência relativamente aos retroativos”, adiantou à agência Lusa a presidente do Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU).

Este foi um dos sindicatos que retomaram esta quarta-feira as reuniões com o ministério da Saúde para dar seguimento às negociações sobre a reposição dos pontos perdidos pelos enfermeiros aquando da transição para a nova carreira, que foram interrompidas na sequência da demissão da anterior ministra Marta Temido, no final de agosto.

Segundo Gorete Pimentel, em causa está o descongelamento dos pontos a 1 de janeiro de 2018, mas o “ministério só quer dar os retroativos a 1 de janeiro de 2022”.

“Estamos neste impasse”, adiantou a presidente do SITEU, ao avançar que o sindicato vai agora “falar com os enfermeiros” para decidir se aceita a proposta apresentada pela equipa do ministro Manuel Pizarro.

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Gorete Pimentel salientou que, apesar desta questão, a negociação foi vantajosa e a proposta apresentada pelo Governo está “dentro do que era expectável”, uma vez que os enfermeiros “estão a ganhar os processos em tribunal”.

“O que não nos está a satisfazer é o facto de o ministério entender que o pagamento é só a 1 de janeiro de 2022, quando se reporta a uma situação mal feita no Orçamento do Estado de 2018”, disse a sindicalista.

Para Carlos Ramalho, presidente do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor), o Ministério da Saúde propõe “subir os enfermeiros na tabela salarial, em termos de progressões, mas sem retroativos”.

“Temos oito dias para apresentar propostas e, eventualmente, assinar o acordo, mas neste momento não podemos dizer que estamos totalmente de acordo com a proposta do ministério da Saúde”, disse Carlos Ramalho.

Garantiu ainda que o sindicato vai renegociar esta matéria, alegando que a “injustiça” vem de 2018 e que “não é culpa dos profissionais que trabalharam e cumpriram com todas as suas obrigações e deveres”.

“Não se pode apagar o tempo que passou, porque não é culpa dos profissionais que cumpriram a sua parte. Poderemos estar perante uma situação de conflito, porque é absolutamente inaceitável”, afirmou o dirigente do Sindepor.

Carlos Ramalho referiu, porém, que esta primeira reunião, após a saída da anterior ministra, decorreu de uma forma “muito cordial” e reconheceu que “há espaço” ainda para as duas partes chegarem a um entendimento na próxima semana.