Paciência, atenção, perícia, dedicação – é necessária uma boa dose de cada uma destas virtudes para construir um Chiron. Para se ter uma ideia, só a montagem de 1800 componentes para fazer sair o mais recente exemplar desta linhagem consumiu dois meses de trabalho a 20 funcionários, informa a Bugatti, anunciando a entrega da 400.ª unidade do hiperdesportivo francês.

Daí que a construtor de Molsheim se recuse a chamar fábrica à sua unidade de produção, preferindo denominá-la “atelier”, e se refira aos colaboradores que aí trabalham como “artesãos altamente qualificados”. Não é para menos, atendendo a que dificilmente se encontrará dois Chiron iguais, numa produção limitada a apenas 500 unidades com um preço base de 2,5 milhões de euros. Isso explica que, seis anos depois de ter apresentado o sucessor do Veyron no Salão de Genebra, a Bugatti tenha festejado a entrega da 400.ª unidade. Faltam apenas 100 para encerrar a produção, sendo desde já garantido que o impressionante W16 vai continuar “vivo” por mais algum tempo, dando alma ao roadster Mistral, de que se farão 99 unidades a entregar em 2024 (com um preço unitário de 5 milhões de euros), e animando 40 Bolide, a versão para uso exclusivo em pista que implica o desembolso de 4 milhões de euros (também antes de impostos).

Bugatti “perde a cabeça” e despede-se do W16

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Estes dois modelos estão na iminência de se tornar realidade, mas ainda não o são. Real mesmo é a fertilidade da base Chiron que, até agora, tem servido para a Bugatti dar corpo a nada menos que sete versões do hiperdesportivo a somar ao original, cada uma delas com as suas especificidades e em edição limitada, fazendo o preço variar em função da exclusividade. A lista é extensa e extremamente valiosa: Chiron Pur Sport; Chiron Sport; Chiron Super Sport; Chiron Super Sport 300+; Centodieci; Divo e o automóvel mais caro do mundo, La Voiture Noire (exemplar único com um preço de 11 milhões).

Carro mais caro do mundo está pronto para entrega. Será para Ronaldo?

Face a esta variedade, a Bugatti esclarece que a 400.ª unidade que saiu de Molsheim é um Chiron Super Sport. Claro está, animado pelo poderoso motor a gasolina de 8,0 litros com 16 cilindros em W, soprado por quatro turbocompressores de dimensões mais que generosas. No Super Sport, o W16 entrega 1600 cv, mais uma centena de corcéis que o Chiron original, e um binário máximo de 1600 Nm entre as 2000 e as 7000 rpm. Este poderio é passado às quatro rodas através de uma caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades, conduzindo esta declinação do Chiron até aos 440 km/h de velocidade máxima. E é num sufragante que o velocímetro roda – basta lembrar que esta versão precisa apenas de 12,1 segundos para galgar de 0 a 300 km/h.

Mais um Chiron pronto a ser entregue ao cliente. Este mereceu uma foto de “despedida” por ser o n.º 400

Mas se essas são características comuns a qualquer Super Sport (especificações aqui), há “detalhes” que tornam o Chiron n.º 400 verdadeiramente único. Com uma lista quase ilimitada de opções, em termos de cores, materiais, acabamentos e acessórios, o comprador desta unidade decidiu-se por expor os painéis da carroçaria em fibra de carbono num verde-escuro tingido, o que inibe o disfarce de qualquer imperfeição, como poderia acontecer se a escolha recaísse numa pintura convencional. No interior, coberto a pele, sobressai o opcional Sky View que inunda o habitáculo de luz, aclarando a conjugação “Green” e “Beluga Black” eleita para o revestimento dos bancos. “Alcançar este nível de detalhe só é possível com a combinação perfeita entre paixão e expertise e fazê-lo consistentemente num padrão tão elevado em 400 unidades do Chiron, além das que estão por construir, é o que define a Bugatti”, sublinha o CEO da marca, Christophe Piochon.

De recordar que, com o Chiron a aproximar-se da recta final, já se sabe que o seu sucessor vai ser ainda mais potente, embora prescinda do W16. A troca por uma unidade motriz mais compacta será compensada com motores eléctricos, alimentados pela bateria de um sistema híbrido.