A coordenadora do BE acusou esta quinta-feira o governador do Banco de Portugal de seguir a estratégia do Governo e do PSD de “tentar combater a inflação empobrecendo quem vive do seu trabalho”.

“Esta cegueira ideológica de achar que cada vez que há uma crise é quem trabalha que tem de a pagar é destrutiva da economia e só cria tragédia social”, sustentou Catarina Martins, ao comentar uma entrevista de Mário Centeno ao Público na qual o governador justifica a estratégia do Banco Central Europeu de aumentar as taxas de juro de referência para combater a inflação.

A dirigente bloquista considerou que “a entrevista é extraordinária” porque Centeno “diz que há um processos de inflação que não têm a ver com o facto de as pessoas terem dinheiro para fazer compras”

Mas, pelo sim, pelo não, vamos combater a inflação empobrecendo a população e fazendo com que os salários valham cada vez menos. E fazendo com que a habitação fique mais cara também”, comentou.

Catarina Martins registou, a propósito, que “Mário Centeno, o PSD e o governo de António Costa têm exatamente a mesma estratégia: tentar combater a inflação empobrecendo quem vive do seu trabalho e não tem culpa nenhuma do aumento dos preços”.

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“Enquanto alguns se enchem com lucros milionários, há quem ache que é contraindo os salários e aí o PS e o PSD são iguais a Mário Centeno”, acusou ainda a coordenadora do Bloco de Esquerda.

Numa entrevista publicada na edição desta quinta-feira, em papel e online, do diário Público, Centeno considerou que não combater a inflação através de aumentos das taxas de juro não é uma opção para o Banco Central Europeu (BCE) e que teria “um custo recessivo maior”.

“(…) A taxa de inflação está aí, ela tem de ser reduzida, a política monetária tem uma grande obrigação nesse domínio e não podemos desbaratar nem a credibilidade nem a oportunidade de a política monetária agir. Se o fizéssemos, o contrafactual, a alternativa que seria manter taxas de inflação elevadas, mesmo que sejam em parte justificadas pela guerra, tem um custo recessivo maior do que aquele que o aumento das taxas de juro provoca”, defendeu Centeno, antigo ministro das Finanças.