O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, vai deslocar-se a Pequim no dia 1 de dezembro para um encontro com o presidente chinês, Xi Jinping, disse uma autoridade europeia à Agência France Presse (AFP).

A mesma fonte, que confirmou uma informação que tinha sido avançada pelo Financial Times, especificou que a reunião seria anunciada oficialmente durante o dia que decorre.

Esta reunião ocorre num contexto de intensas discussões entre os europeus sobre como se devem posicionar em relação à China, além das crescentes tensões entre Washington e Pequim.

Charles Michel tem de lidar, por um lado, com um país como a Alemanha, que tem importantes interesses económicos na China, e outros Estados-Membros como a Lituânia, que atraiu a ira de Pequim ao estabelecer ligações com Taiwan, considerado pela China como parte integrante do seu território.

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Em 12 de novembro, em Phnom Penh, poucos dias antes da cimeira do G20, durante a qual Xi Jinping se encontrou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Charles Michel pediu a Pequim que convencesse a Rússia a respeitar o direito internacional na Ucrânia.

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“Encorajamos as autoridades chinesas a usar todos os meios à sua disposição para convencer a Rússia a respeitar as fronteiras internacionalmente reconhecidas, a respeitar a soberania da Ucrânia”, disse o líder, em declarações à AFP.

Também neste mês, num incidente que ilustra as tensões entre Bruxelas e Pequim, a transmissão de um discurso de Charles Michel, agendado para a inauguração de uma feira em Xangai, foi cancelada porque as autoridades chinesas quiseram censurá-lo, em parte, segundo vários diplomatas europeus.

Um destes diplomatas especificou que as autoridades chinesas queriam censurar no discurso todas as referências à guerra na Ucrânia. Um assunto delicado na China, que quer ser oficialmente neutra, mas continua a ser um aliado estratégico de peso da Rússia.

As relações entre a China e a União Europeia deterioraram-se desde a imposição de sanções, de ambos os lados, por alegações de abusos dos direitos humanos na região chinesa de Xinjiang.

A União Europeia considera a China um “parceiro, concorrente económico e rival sistémico“, segundo a formulação adotada em 2019.

Os laços comerciais continuam fortes entre os dois. Um dos exemplos é a Alemanha, cujo chanceler Olaf Scholz foi o primeiro líder do G7 a visitar a China – no final de outubro – desde o início da pandemia.