Oliver Zipse, o CEO do Grupo BMW, que inclui igualmente a Mini e a Rolls-Royce, chegou ao término do seu mandato à frente da Associação Europeia dos Construtores de Automóveis (ACEA). O seu sucessor é Luca de Meo, CEO do Grupo Renault, que além desta marca francesa é ainda composto pela Alpine, Dacia e Samsung Motors. O gestor italiano dirige ainda os destinos da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.

De Meo assume a presidência da ACEA numa altura particularmente complicada, depois de a associação ter tentado durante os últimos anos inverter o rumo adoptado pela União Europeia, em direcção a veículos menos poluentes, com a definição da norma Euro 7 e a aposta decidida nos veículos com zero emissões, essencialmente eléctricos, sejam eles alimentados por bateria ou pela energia produzida a bordo por células de combustível a hidrogénio.

Até aqui, a ACEA bateu-se de todas as formas na tentativa de manter os motores a combustão no activo. Primeiro, com recurso a estudos que davam os veículos eléctricos como responsáveis por maiores emissões de CO2 do que os modelos equipados com motores de combustão, concentrando-se em mercados específicos em que a energia é maioritariamente produzida com recurso a centrais a carvão. E, mais recentemente, promovendo os motores de combustão a queimar hidrogénio ou combustíveis sintéticos, esquecendo os poluentes emitidos por estas tecnologias. Tudo para evitar os fortes investimentos necessários à produção de veículos eléctricos e maximizar os lucros a distribuir aos accionistas no curto prazo.

De Luca de Meo espera-se uma atitude distinta, com uma postura mais negociadora, que talvez tenha mais sucesso junto da União. Os construtores ameaçaram com uma brutal perda de postos de trabalho, o que não se verificou em termos globais, apesar de ter sido exacerbada pela deslocação para a China da produção de alguns modelos que depois são exportados para a Europa, como a BMW faz com o iX3, por exemplo. A não produção interna de células para as baterias, optando antes por adquirir a fornecedores externos não europeus, mais uma vez para reduzir investimentos, tão pouco ajudou à criação de postos de trabalho.

De Meo, que representa uma Renault que se está a posicionar com novas fábricas na Europa, tanto para veículos sobre plataformas específicas como para células, está a seguir uma estratégia distinta da BMW de Oliver Zipse, com maior investimento e uma visão a longo prazo. É possível que esta postura acabe por sensibilizar a União a dar a sua contribuição, sobretudo incentivando a criação de redes de postos de carga com mais pontos de carregamento e com maior potência. O responsável pela Renault pretende equilibrar os pratos da balança, prometendo perseguir “o que é melhor para o ambiente, para a economia e para a sociedade”.

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