Dmitriy Zelenov, um magnata russo que se tinha manifestado contra a guerra na Ucrânia, morreu após ter caído de umas escadas da casa de amigos em Antibes, uma vila francesa perto de Cannes. O homem de 50 anos ter-se-á sentido mal depois de jantar e foi nesse momento que terá caído, sofrendo um traumatismo craniano grave que o hospital determinou como sendo a causa da morte, segundo o jornal francês Nice-Matin.

Zelenov, que fez fortuna no setor da promoção imobiliária, tinha sido sujeito a uma cirurgia vascular recentemente, devido a problemas de coração. Ainda assim, o próprio Nice-Matin, um jornal regional francês, considera que a morte ocorreu em circunstâncias “misteriosas”. As autoridades locais abriram uma investigação às causas da morte, que ocorreu no passado dia 9 de dezembro.

O ex-dono do grupo Don-Stroy, ligado à construção, terá assumido nos últimos meses uma posição contrária à guerra na Ucrânia, preocupado com os impactos económicos associados às sanções impostas a Moscovo por causa da invasão. O grupo que liderou era um dos principais promotores imobiliários na Rússia, nos anos 90 e início dos anos 2000, uma das primeiras empresas a construírem edifícios de luxo para as elites abastadas de Moscovo.

Nesses anos, o nome de Zelenov constava invariavelmente da lista de multi-milionários da “Forbes”. Porém, com a crise financeira global de 2008 o império sofreu um abalo e Zelenov teve de abrir mão da empresa, que estava muito endividada e não resistiu ao aperto das condições financeiras mundiais no pós-Lehman.

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O nome do empresário, que tinha ligações conhecidas aos serviços secretos russos, junta-se à longa lista de oligarcas que morreram nos últimos meses. As mortes suspeitas – incluindo alguns aparentes suicídios – começaram logo em março/abril, nas semanas após o início da invasão da Ucrânia.

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Mas os casos continuaram, nos últimos meses. Em maio Alexander Subbotin, magnata da energia, foi encontrado sem vida por xamãs após fazer um tratamento para a ressaca, um tratamento com veneno de sapo. Em setembro, um outro alto funcionário russo, Ivan Pechorin, diretor administrativo da indústria de aviação da Corporação de Desenvolvimento do Extremo Oriente e do Ártico (ERDC, na sigla em inglês), foi encontrado sem vida depois de ter caído do seu barco durante um passeio de fim de semana.

Na altura, a morte de Pechorin fez subir para dez o número de magnatas russos ligados à indústria petrolífera e do gás que morreram em circunstâncias consideradas suspeitas desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia. Também nesse mês de setembro, já tinha morrido Ravil Maganov, presidente da petrolífera Lukoil, que caiu de uma janela do hospital onde estava internado (num caso retratado como um suicídio). Pouco tempo antes, tinha lamentado “os trágicos acontecimentos na Ucrânia”.

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