O documento com a descrição dos traços marcantes da vida de Bento XVI e dos pontos altos do seu pontificado, que foi colocado no interior da urna de madeira, uma das três em que o Papa emérito será sepultado, faz referência a um combate firme contra os abusos sexuais cometidos por membros da Igreja Católica.

O texto, escrito em latim e encerrado dentro de um cilindro de metal, foi um dos objetos colocados no interior do caixão de Bento XVI quando este foi selado esta quarta-feira à noite, durante uma cerimónia específica que decorreu na Basílica de S. Pedro à porta fechada. Além do rogito, como o documento é designado, foram colocadas no interior da urna vestes episcopais (pallia) e moedas comemorativas e medalhas cunhadas durante o tempo de Bento no Vaticano, símbolos do pontífice.

Lembrando o percurso religioso de Joseph Aloisius Ratzinger, que nasceu a 16 de abril de 1927, na Alemanha, o documento, divulgado esta quinta-feira pelo Vaticano, destaca a nomeação para vice-decano do Colégio dos Cardeais, em 1998, e para decano, em 2002. Foi nessa qualidade que presidiu à missa fúnebre de João Paulo II, a 8 de abril de 2005. A 19 de abril, foi eleito Papa pelos cardeais reunidos em conclave, assumindo o nome de Bento XVI. “Da sacada central da Basílica apresentou-se como ‘humilde trabalhador na vinha do Senhor’”, refere o texto.

“Bento XVI colocou no centro de seu pontificado o tema de Deus e da fé, na procura contínua da face do Senhor Jesus Cristo e ajudando todos a conhecê-lo, em particular mediante a publicação da obra Jesus de Nazaré, em três volumes. Dotado de vasto e profundo conhecimento bíblico e teológico, teve a extraordinária capacidade de elaborar sínteses iluminadoras sobre os principais temas doutrinários e espirituais, bem como sobre as questões cruciais da vida da Igreja e da cultura contemporânea.”

Durante os oito anos, até à renúncia em 2011, Bento XVI “promoveu com sucesso o diálogo com anglicanos, com os judeus e com os representantes de outras religiões” e “lutou firmemente contra os crimes cometidos por representantes do clero contra menores ou pessoas vulneráveis, chamando continuamente a Igreja à conversão, à oração, à penitência e à purificação”. O texto destaca ainda o papel de teólogo de “reconhecida autoridade”. “Deixou um rico património de estudos e pesquisas sobre as verdades fundamentais da fé.”

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