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O Ocidente já está “quase” em guerra com a Rússia, diz o ministro dos Negócios Estrangeiros de Moscovo, Sergey Lavrov. Anteriormente, o mesmo responsável falava numa postura “híbrida” do Ocidente neste conflito mas, nesta altura, Lavrov diz que essa descrição já não é a mais adequada: agora, o Ocidente está “quase” numa guerra real com a Rússia.
O chefe da diplomacia russa acusou ainda esta segunda-feira os países ocidentais de convencerem Kiev a não procurar negociar com Moscovo uma solução para a guerra na Ucrânia.

Lavrov repetiu assim, durante uma visita à África do Sul, um comentário recente do Presidente russo, Vladimir Putin, que acusou os países ocidentais de obstacularizarem negociações de paz, enquanto a Rússia rejeita repetidamente as exigências ucranianas e ocidentais, como condição para qualquer negociação, de que retire todas as forças militares da Ucrânia, que invadiu em fevereiro de 2022.

É sabido que apoiamos a proposta do lado ucraniano de negociar, no início da operação militar especial, e, no final de março, as duas delegações concordaram com o princípio de resolver este conflito”, alegou Lavrov, referindo-se a contactos iniciais entre as delegações dos dois países, que não produziram resultados.

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“É sabido, e foi divulgado publicamente, que os nossos colegas americanos, britânicos e alguns europeus disseram à Ucrânia que é muito cedo para negociar“, adiantou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.

Países ocidentais “em delírio” sobre sucesso da Ucrânia na guerra

O Presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou que estaria disposto a conversar com Putin, se o líder russo demonstrasse que deseja seriamente colocar um fim à invasão.

Lavrov está em Pretória para conversas com a sua homóloga sul-africana, Naledi Pandor, enquanto a Rússia tenta fortalecer os laços entre os dois países.

A África do Sul tem sido vista como a mais importante de várias nações africanas a assumir uma posição neutral na guerra e por se recusar a condenar a invasão da Rússia.

Lavrov encontrou-se com Pandor na capital sul-africana e deve visitar outros países africanos nesta que é a sua segunda viagem a África no espaço de seis meses.

“Estamos totalmente cientes de que um conflito, onde quer que seja no mundo, tem um impacto negativo sobre todos nós. (…) É por isso que a África do Sul estará sempre pronta para apoiar a resolução de conflitos em todo o lado”, garantiu o chefe da diplomacia sul-africana.

A África do Sul continua a manter fortes laços com a Rússia, que recuam ao apoio da União Soviética ao atual partido de Governo no país, o Congresso Nacional Africano, quando este era apenas um movimento de libertação que lutava para acabar com o sistema de repressão do “Apartheid” contra a maioria negra da África do Sul.

Essa relação ajuda a compreender o que levou a África do Sul a abster-se numa votação das Nações Unidas, no ano passado, que condenou as ações da Rússia na Ucrânia.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.