É certo que a Mercedes já trabalha na versão a bateria do Classe G, do mesmo modo que a Land Rover prepara uma variante eléctrica para alargar a gama do Defender. Sabe-se agora, através da Autocar, que também a Audi está a desenvolver um SUV para disputar a clientela destes dois modelos, ou seja, amantes do offroad de luxo que não se amedrontam com a ansiedade da autonomia, nem querem fazer concessões ao requinte, à tecnologia e ao conforto, com a garantia de que superam obstáculos difíceis de transpor no fora de estrada, sempre que arriscam fazer incursões pela natureza em piso traiçoeiro.

A vantagem da Audi, neste domínio, é também uma desvantagem. Isto porque o fabricante de Ingolstadt vai partir do zero para conceber o seu SUV mais “durão”, o que significa que este projecto vai ser desenvolvido desde o arranque visando a optimização do espaço a bordo e a maximização da eficiência da tecnologia eléctrica, o que se consegue com a adopção de uma plataforma específica para acomodar baterias e motores eléctricos. A surpresa é que, ao contrário do que seria expectável, a base desse futuro Audi não será a Premium Platform Electric (PPE), desenvolvida em conjunto com a Porsche.

De acordo com a publicação britânica, a arquitectura será importada da Scout, a marca ressuscitada pelo Grupo Volkswagen que está especificamente vocacionada para a concepção e a produção de pick-ups eléctricas e SUV mais radicais também a bateria. Este terreno já provou ser chão que dá uvas, dado o interesse despertado por modelos como os Rivian R1T e R1S, sem esquecer a mastodôntica GMC Hummer e a irreverente Tesla Cybertruck.

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Dada a juventude da Scout e a fasquia já estabelecida pela concorrência, a desvantagem da Audi prende-se com o tempo. Enquanto as variantes eléctricas do Defender e do Classe G podem chegar ao mercado mais depressa, adaptando a plataforma já existente, o que lhes permite agilizar o processo em sacrifício da eficiência e da habitabilidade, a marca dos quatro anéis tem pela frente um longo período de desenvolvimento. Daí que se aponte somente para 2027 como o ano em que o SUV mais extremo da Audi vai ver a luz do dia.

E qual será a linha estilística que o rival do EQG vai exibir? A quatro anos de se tornar realidade, isso ainda é uma incógnita. Mas o responsável máximo pelo design da Audi desde 2014, Marc Lichte, já levantou um pouco a ponta do véu, ao revelar que o esboço que está em cima da mesa pouco tem a ver com o estilo “quadradão” do Classe G e do Defender. Até porque isso penalizaria a aerodinâmica e, por tabela, a autonomia, sendo que encontrar postos de carregamento no meio do mato é como achar um oásis no meio do deserto… De recordar que, recentemente, a Audi revelou o Activesphere, tudo indicando que o futuro Audi 4×4 eléctrico irá beber inspiração deste concept.

Quanto à produção, poderá vir a ser entregue aos austríacos da Magna Steyr, com os quais a Audi já tem uma parceria para as baterias. A produção anual rondará as 50.000 unidades.