A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) anunciou que vai avançar com um pré-aviso de greve para os dias 8 e 9 de março por “falta de compromisso” na negociação das grelhas salariais por parte do Ministério da Saúde, com quem reuniu esta quarta-feira. O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) fica de fora da paralisação.

Em comunicado, a FNAM critica que as negociações com a tutela tenham sido “prolongadas no tempo, a um ritmo demasiado lento, onde se acumulam os pedidos de adiamento de reuniões e escasseiam as propostas por parte da tutela”. E acusa o Ministério de ser “evasivo” e de ter apresentado “medidas paliativas, através da recém-criada Direção Executiva do SNS, à revelia das negociações com os sindicatos”.

“Para os médicos, é fundamental implementar medidas estruturais: valorizar a carreira médica, negociando novas grelhas salariais, e dignificar condições de trabalho dos médicos, de forma a garantir cuidados de saúde de qualidade para a população”, refere o comunicado.

Mas os profissionais que a federação representa “chegaram a uma situação insustentável – estão exaustos e desmotivados face à falta de resposta do Governo, à situação difícil do SNS e ao cansaço acumulado durante a pandemia de Covid-19”.

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À saída da reunião, Joana Bordalo e Sá, presidente da comissão executiva da FNAM, falou num “impasse”. “Hoje infelizmente não correu bem”, disse, sobre a reunião com a tutela. “As reuniões começaram a revelar-se perfeitamente inúteis, não temos ainda nenhuma medida concreta que resolva os problemas do SNS”, apontou aos jornalistas, em declarações transmitidas pela RTP3.

O Sindicato Independente dos Médicos, por sua vez, não se junta à paralisação, adiantou o secretário-geral. Jorge Roque da Cunha considera que há uma “boa notícia” por parte da tutela — o ” pagamento de uma forma adequada das horas extra para médicos do SNS”. O SIM diz que prefere não alinhar com uma greve enquanto as negociações estão a decorrer. No próximo dia 8 de fevereiro há nova reunião, a sexta neste processo negocial.

Em comunicado, o Ministério da Saúde frisa que está a negociar de “boa-fé com todos os grupos profissionais” do setor. No caso dos médicos, há negociações a decorrer com base numa “ampla agenda que foi acordada pelas partes envolvidas e que está calendarizada até junho próximo”.

“Neste contexto, o Ministério da Saúde continua empenhado no diálogo e na procura de consensos dentro de um calendário que o Governo e os sindicatos estabeleceram de comum acordo”, salientou ainda.