A ideia base é de que o corpo executa melhor quando a cabeça promove pensamentos adequados à tarefa que está proposta e não sobre atividades adjacentes. Aí, um movimento desencadeia o outro e o seguinte já vem sem que o segundo dependa do primeiro. Em resumo, não há entraves a um Benfica imperturbável e que recuperou o ritmo pré-Mundial.

O último jogo dos encarnados tinha ficado marcado por ter sido jogado no último dia do mercado de transferências, com Enzo Fernández envolvido em negociações, o que, admitiu o presidente dos encarnados, Rui Costa, afetou a restante equipa. “Não quero que o Enzo vista mais a camisola do Benfica”, disse o líder do clube da Luz, revelando que o jogador “não estava comprometido com o clube” e fez pressão para sair.

Com o caso resolvido, o Benfica não mostrou diante do Casa Pia, no regresso a casa após três vitórias consecutivas fora de portas, qualquer sintoma de incapacidade. No entanto, entre os benfiquistas presentes para assistir à partida da 19.ª jornada da Primeira Liga, a atitude do melhor jovem do último Mundial não passou indiferente. “O Benfica é nosso e há de ser. O Benfica é nosso até morrer”, ouviu-se nas bancadas do Estádio da Luz.

Antes do jogo começar, André Almeida, que rescindiu contrato com o Benfica, foi homenageado no relvado juntos dos troféus que conquistou ao serviço dos encarnados. Aplaudido pelo colegas e pelo público, pelos 5 títulos de campeão nacional, duas Taças de Portugal, quatro Taças da Liga e uma Supertaça, percebeu-se que o adeus dos adeptos pode assumir várias formas. 

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Roger Schmidt, na ausência de Gonçalo Ramos, voltou a escolher o outro Gonçalo, o Guedes, para a ser o homem mais adiantado da equipa da Luz. No meio-campo, Chiquinho fez a posição de médio de ligação, papel que já tinha assumido em Arouca. Já David Neres jogou nas costas do avançado. Também a promoverem jogo interior: João Mário e Aursnes. Rafa Silva voltou às opções do treinador alemão e somou os primeiros minutos após recuperar de lesão. 

Ficha de jogo

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Benfica-Casa Pia, 3-0

19.ª jornada da Primeira Liga

Estádio da Luz, Lisboa

Árbitro: André Narciso (AF Setúbal)

Benfica: Odysseas Vlachodimos, Alexander Bah (Gilberto 90+2′), António Silva, Otamendi, Álex Grimaldo, Florentino (Rafa, 86′), Chiquinho, João Mário (João Neves 90+2′), Neres (Draxler 73′), Frederik Aursnes e Gonçalo Guedes (Musa 73′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Gilberto, Lucas Veríssimo, Ristic, João Neves e Morato

Treinador: Roger Schmidt

Casa Pia: Ricardo Batista, Lucas Soares, João Nunes, Varela, Zolotic (Vasco Fernandes 77′), Poloni, Afonso Taira (Beni 56′), Cuca (Soma 45′), Romário Baró, Godwin (Kunimoto 64′) e Rafael Martins (Clayton 45′)

Suplentes não utilizados: João Victor, Léo Bolgado, Neto e Diogo Pinto

Treinador: Filipe Martins

Golos: João Mário (35′ e 43′) e Bah (71′)

Ação disciplinar: cartões amarelos a Cuca (33′)

O Casa Pia de Filipe Martins jogou em 3-4-3. Com Savior Godwin sempre pronto a esticar o jogo na frente em velocidade e Rafael Martins igualmente atento a uma oportunidade de transitar ofensivamente, o trio da frente foi composto ainda por Romário Baró que funcionou mais como terceiro médio, ajudando a equilibrar as contas no meio-campo. A defender, os gansos montavam uma linha de cinco elementos que tem permitido à equipa ser a terceira melhor defesa da Primeira Liga, um registo que se revelou valer pouco perante a eficiência encarnada.

Após minutos de insistência, provou-se que o muro não era inquebrável. Grimaldo executou exatamente o que estava a pensar quando desmarcou David Neres pela esquerda. O brasileiro, sem precisar da confiança do olhar para garantir que ia aparecer alguém para responder aos passe rasteiro e atrasado que fez, celebrou com João Mário (35′) o golo em que o primeiro jogador assistiu e o segundo marcou.

O corredor esquerdo encarnado estava muito dinâmico e não tardou a fabricar mais um momento de felicidade para João Mário (43′). Grimaldo, desta vez, chegou-se ao último terço e assistiu o português. Também em Arouca João Mário tinha conseguido marcar por duas vezes. É o quinto golo em três jogos para o médio.

No início da segunda parte, Filipe Martins mexeu para tentar dar mais critério ao meio-campo e ao ataque, deslocando Romário Baró definitivamente para o miolo e lançando Soma para o ataque. No entanto, a equipa manteve a postura recuada, muito devido à posse de bola prolongada que o Benfica fazia sem errar.

Ainda que as águias fossem conseguindo produzir oportunidades em ataque organizado, acabou por ser numa jogada de transição que os encarnados alargaram a vantagem. Bah (71′) saiu em velocidade para o ataque e olhou para a linha da área como local para tentar o remate à baliza. De pé esquerdo, a bola voou até ao fundo das redes de Ricardo Batista.

Nos últimos sete jogos, o Benfica deixou a baliza a zero em seis. Daí que não fosse de esperar que o resultado de 3-o, construído em cima de uma exibição sólida que o os encarnados querem prolongar nos quartos de final da Taça de Portugal contra o Sp. Braga.