Para a Fenprof, chegou o momento de os professores dizerem ao Governo “não gozam mais connosco”. Durante aquela que diz ser “provavelmente a maior manifestação de sempre de professores e educadores em Portugal”, Mário Nogueira revelou o que é que a estrutura sindical vai negociar com o Ministério da Educação nos próximos dias 15 e 17 de fevereiro.

“O que estamos a negociar no Ministério são os concursos de professores, o que queremos negociar no Ministério é o tempo de serviço da carreira docente, são as vagas e as quotas na carreira, é a aposentação, é o regime de monodocência, são os técnicos especializados que são professores e é a mobilidade por doença dos professores”, afirmou o secretário-geral da Fenprof, perante a garantia de que o “Governo tem que dar muitos passos em frente”.

No entender de Mário Nogueira, não é aceitável que a “vinculação seja feita de uma forma que leva a ultrapassagens”, nem que não exista “respeito pela graduação profissional no âmbito da mobilidade interna”. Sob gritos de “não” e cânticos de “o tempo trabalhado não pode ser roubado“, o sindicalista questionou:

“Vamos aceitar que continuem a roubar um dia de serviço que os professores cumpriram nas escolas? Se não deixamos que roubem um dia, como podem roubar seis anos e meio, mais o tempo de espera nas vagas, mais o tempo das transições em 2010 e 2007? Não vamos aceitar nunca que desta negociação não saia a recuperação integral do tempo de serviço, ainda que faseada. O que não vamos aceitar é que o tempo de serviço trabalhado não seja contado.”

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“Vamos continuar a obrigar a trabalhar quase até ao limite, aos 70 anos, os professores para poderem ter uma aposentação minimamente digna?” ou “vamos continuar” a deixar que “aos professores se imponham quase 50 ou mais [horas semanais] em algumas semanas sem respeito pelos limites?” foram outras das questões colocadas por Mário Nogueira perante os professores que desfilaram na Avenida da Liberdade, em direção ao Terreiro do Paço.

Ao todo, segundo a Fenprof, desfilaram mais de 150 mil pessoas em Lisboa, número que junta professores, as suas famílias e “gente solidária” com a luta dos docentes. “Feita a média de todas as greves distritais nestes 18 dias úteis nós podemos dizer sem errar que os professores fizeram em média uma greve com 94% de adesão“, revelou Mário Nogueira.

O líder da Fenprof criticou a “falta de respeito” do Ministério acerca dos números da adesão às graves. “6,8% em Coimbra, 12% em Lisboa. Não sejam desonestos nas contas. Como é que têm a lata de dizer que uma greve que fecha as escolas quase todas num distrito tem uma adesão de 10%? Anda a ver muito mal o doutor João Costa, aconselha-se a comprar uns óculos e aprender a fazer contas, sem ser aldrabadas“, pediu Nogueira.

Garantindo que a manifestação deste sábado não é “o fim de uma luta”, o sindicalista revelou os passos que seguem na batalha para mostrar que os professores “não são descartáveis”. À cabeça, Nogueira propôs que a próxima semana seja “em todas as escolas” e em “todo o país” de “luto e luta” pela profissão. Em especial a 15 e 17 de fevereiro, dias de negociações com o Ministério da Educação, a Fenprof quer que “todas as escolas do país tenham momentos de paragem e de permanência à porta”.

O líder da Fenprof anunciou ainda a realização de um momento 4D, nos dias 23, 24, 27 e 28 de fevereiro: “Quatro dias de debate democrático pela dignificação da docência”, pretendendo a Fenprof que, após as negociações, sejam colocadas “em todas as escolas” as propostas (“ou ausência delas”) do Governo para perguntar aos professores “se são ou não de ser aceites, se merecem ou não acordo”.

Se não existir um acordo a 15 ou 17 de fevereiro, “as negociações avançam para a chamada negociação suplementar”, que deverá ocorrer a 2 ou 3 de março, continuou. A Fenprof propõe que, no dia 2 de março, “todos os distritos do país, de Coimbra para Norte, façam greve a todo o serviço e todo o dia”, com a realização de uma grande manifestação no Porto.

Já no dia 3 de março, a greve segue para “todos os distritos de Leiria para Sul”, com uma “manifestação nacional enorme na cidade de Lisboa”.