Silvio Berlusconi voltou ao ataque contra a Ucrânia e Volodymyr Zelensky. O líder do partido Força Itália, que integra o governo de coligação de extrema-direita liderado por Giorgia Meloni, tornou a defender a invasão russa e a responsabilizar o Presidente ucraniano pelo seu papel na guerra.

Questionado no domingo pelos jornalistas sobre os recentes encontros de Zelensky com vários líderes europeus durante a última semana, Berlusconi, que chefiou o governo italiano entre 2001 e 2006, e depois entre 2008 e 2011, fez saber a sua opinião. “Eu, falar com Zelensky? Se fosse primeiro ministro nunca teria ido, porque estamos a assistir à devastação do seu país e ao massacre dos seus soldados e de civis”.

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As declarações do político italiano de 86 anos parecem contrariar as da primeira-ministra italiana, que criticou o facto de não ter sido convidada para a cimeira entre Zelensky, o chanceler alemão Olaf Scholz e o Presidente francês Emmanuel Macron. “Estiveram em Paris dois presidentes europeus e faltaram 25”, declarou Meloni.

Já Berlusconi, um amigo declarado de Vladimir Putin, não pareceu muito incomodado com a exclusão italiana, justificando a sua posição com o que entende serem as responsabilidades do Presidente ucraniano na invasão:

Teria sido suficiente que ele tivesse parado de atacar as duas repúblicas autónomas do Donbass e nada disto tinha acontecido. Por isso avalio o comportamento deste cavalheiro como muito, muito negativo”.

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O atual eurodeputado instou ainda o Presidente norte-americano Joe Biden a pressionar Zelensky a aceitar um acordo de paz com a Rússia, sob pena de não receber ajuda para a reconstrução do país. Berlusconi descreveu a sua proposta como “um Plano Marshall de seis, sete, oito, nove biliões de dólares, com uma condição — que amanhã [Zelensky] ordene um cessar-fogo, porque a partir de amanhã não lhe daremos mais dólares nem mais armamento”.

Esta não é a primeira vez que Berlusconi faz saber a sua opinião sobre a guerra. Pelo contrário, nos últimos tempos tem-se desdobrado em tomadas de posição que defendem a invasão russa e culpam a Ucrânia pelos acontecimentos do último ano. Ainda antes das eleições que deram a vitória à extrema-direita em Itália, o líder do Força Itália disse que Putin invadiu a Ucrânia para colocar um “governo de pessoas decentes” no poder.

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A oposição italiana já veio censurar os comentários de Berlusconi. Enrico Borghi, senador do Partido Democrata afirmou que as declarações espelham as divisões internas do governo de Giorgia Meloni, ao passo que Angelo Bonelli, líder do Partido Verde, sustentou que a primeira-ministra italiana está isolada devido aos seus aliados políticos. “Ninguém quer falar com alguém que tem uma linha direta para Putin”.

Imune às críticas, a primeira-ministra tem continuado a garantir que o apoio da Itália à Ucrânia é total. “O apoio do governo italiano à Ucrânia é firme e convicto, como o demonstram o programa político e o confirmam todas as votações parlamentares pela maioria de apoio ao governo”, defendeu.