Bao Fan, um proeminente empresário chinês do setor tecnológico, está desaparecido há vários dias, anunciou esta quinta-feira o grupo China Renaissance, do qual é fundador, sem avançar com mais detalhes.

O China Renaissance “não consegue entrar em contacto com o (chefe-executivo) Bao Fan”, disse a empresa que entretanto, esta sexta-feira de manhã, instou os trabalhadores a manterem a calma e a continuarem a trabalhar, como de costume. “Acreditamos que todos tiveram uma noite agitada. Neste momento, [esperamos] que não acreditem ou espalhem boatos”, dizia a mensagem, citada pelo Wall Street Journal.

Bao Fan, de 52 anos, é o fundador do China Renaissance, um importante banco de investimento privado chinês especializado no setor da tecnologia. O grupo supervisionou a entrada em bolsa de vários gigantes do setor da Internet, incluindo o grupo de comércio eletrónico JD.com, ou a fusão, em 2015, entre as empresas de serviços de transporte partilhado Didi e Kuaidi Dache.

Segundo a revista de informação económica Caixin, Bao estará inacessível desde o início da semana.

Em consequência do desaparecimento do bilionário, as ações da China Renaissance chegaram a perder até 30% durante a sessão da manhã na Bolsa de Valores de Hong Kong, onde o grupo está listado.

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Mas o Renaissance fez saber que continua a “operar normalmente”: “A empresa não tem conhecimento de qualquer informação que indique que a indisponibilidade” de Bao “esteja relacionada com a atividade e/ou operações da empresa”.

De acordo com a Caixin, em setembro passado as autoridades chinesas já tinham detido o presidente do China Renaissance, Cong Lin.

Segundo o jornal chinês Yicai, fontes do China Renaissance especulam que o desaparecimento de Bao “está relacionado” com a situação de Cong, contratado em 2020 pelo fundador do China Renaissance, após uma longa carreira num dos maiores bancos estatais da China, o ICBC.

O súbito desaparecimento de empresários não é novidade no país asiático.

Um dos casos mais proeminentes envolveu o magnata canadiano de origem chinesa, Xiao Jianhua, que desapareceu em 2017 de um hotel em Hong Kong.

Conhecido por ter laços a alguns dos principais líderes comunistas chineses, Xiao, que chegou a ser um dos homens mais ricos da China, com uma fortuna estimada em seis mil milhões de dólares, terá sido sequestrado por agentes de Pequim, relatou na altura a imprensa.

O ex-empresário foi finalmente condenado, no ano passado, a 13 anos de prisão, por fraude.

O grupo China Renaissance, que conta com mais de 700 funcionários em todo o mundo, está presente em Singapura e nos Estados Unidos.