“Tem um Brasil que é lindo / outro que fede / o Brasil que dá /é igualzinho ao que pede”. A música de Seu Jorge que empresta o título à exposição dá o mote para o que se vai apresentar. “Brasis — O Brasil em 65 imagens”, mostra fotográfica da autoria do editor de fotografia do Observador, João Porfírio, pode ser vista a partir de dia 2 de março no Taguspark, em Oeiras, e propõe-se ilustrar as várias realidades de um país dividido ao meio durante a campanha Presidencial do último ano.

Ao longo dos 35 dias que os enviados do Observador, o fotojornalista e o editor de Sociedade, Carlos Diogo Santos, passaram no Brasil a cobrir a campanha eleitoral, foi possível compreender com clareza o que separa os mais de 200 milhões de cidadãos brasileiros divididos entre dois lados da barricada: os apoiantes de Lula da Silva, que venceu as eleições, e os de Jair Bolsonaro, o ex-Presidente derrotado.

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É esse o ponto de partida para a exposição, como conta a sinopse da mesma. Ao longo de um roteiro que passou pelo Rio de Janeiro, Amazonas, São Paulo, Rio Grande do Sul, Brasília e Bahia, os jornalistas “traçaram o retrato dos vários ‘Brasis’ que coexistem num país só — e que é indispensável conhecer para compreender a realidade em que vivem 208 milhões de pessoas”.

As 65 fotografias contam a história dessa divisão, oferecendo olhares completamente distintos de um mesmo Brasil, “das grandes cidades ao interior da Amazónia, das favelas às praias paradisíacas”.  “A exposição está dividida por temas”, como explica João Porfírio. “Mostra a diferença das campanhas de ambos os candidatos e, no dia das eleições, as lágrimas de quem perdeu e os sorrisos de quem ganhou”.

Questionado, o fotojornalista elegeu dois momentos que, a seu ver, melhor enquadram a mensagem da mostra: a parede dedicada à Amazónia — “o pulmão do planeta”, como o próprio sublinhou, e um símbolo da importância do Brasil no mundo; e o retrato de um momento crucial no período pós-eleitoral: a primeira conferência de imprensa de imprensa de Bolsonaro, dois dias depois das eleições, “onde não admitiu [como continua, hoje, sem admitir] a sua derrota eleitoral”.

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Segundo o próprio, acima de tudo, a exposição propõe-se a colocar uma série de questões: será que agora, quatro meses volvidos desde as eleições que deram a vitória a Lula da Silva, as divisões estão mais perto de sarar? É sequer possível construir pontes num país de desigualdades tão acentuadas? Se sim, como se constroem? De 2 de março até 22 de abril, quem estiver interessado poderá participar nessa reflexão.

A exposição conta com curadoria do fotojornalista Filipe Amorim. Para o dia da inauguração, está marcada uma edição especial do programa da Rádio Observador “Conversas à Quinta” entre as 17h00 e as 18h00, no Taguspark. O publisher, José Manuel Fernandes, Jaime Game e Jaime Nogueira Pinto vão debater, precisamente, as eleições e o Brasil, presente e futuro. Quem não conseguir estar presente terá mais tarde oportunidade de ouvir o programa, que será gravado e transmitido na semana seguinte (9 de março), na Rádio Observador.

A partir das 18h00 haverá uma visita guiada com o fotojornalista e autor da exposição João Porfírio.

A exposição pode ser visitada no Núcleo Central do Taguspark entre os dias 2 de março e 22 de abril, de segunda a sábado das 9h às 19h.