A Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) exigiu esta segunda-feira que o traçado ferroviário Porto — Zamora — Madrid “seja considerado formalmente, de forma inequívoca”, no Plano Ferroviário Nacional (PFN).

Considerando que, na proposta apresentada no PFN, não há estudos detalhados que comparem com rigor os dois corredores Aveiro — Salamanca e Porto — Zamora, sem os quais é impossível fazer uma comparação devidamente fundamentada das opções”, a associação defende que seja considerado no plano o traçado em alta velocidade Porto — Zamora — Madrid (Espanha), indicou esta segunda-feira aquele organismo, em comunicado enviado à Lusa.

Para os membros representativos da SEDES, através da sua delegação em Trás-os-Montes, “decidir neste momento pelo corredor Aveiro — Salamanca, tendo como base uma apreciação feita há 20 anos nesse sentido, hoje potencialmente desatualizada, é decidir um investimento de quatro mil milhões de euros sem a devida racionalidade técnico-científica e económica“.

Este organismo cívico acrescentou que, “antes de uma decisão política definitiva, exige-se que seja realizado um estudo comparativo dos reais custos e benefícios destas duas soluções”.

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Face à dimensão dos méritos claramente explicitados no estudo sobre a Linha a Norte do rio Douro, Porto — Zamora — Madrid, e independentemente de méritos relativos com a opção a sul do rio Douro [Aveiro — Salamanca], exige-se que o traçado Porto — Zamora — Madrid seja considerado formalmente, de forma inequívoca, no PFN”, refere a mesma nota.

Para a associação, que decidiu participar na consulta pública do PFN tendo por “base as conclusões da muito relevante conferência ‘Linha de Alta Velocidade Porto — Zamora — Madrid’, realizada em Miranda do Douro”, no dia 11, a ligação a Espanha por Zamora, “via Trás-os-Montes, assegura uma maior rapidez que a solução alternativa”.

Uma vez construída a linha Lisboa — Porto, a proposta Porto — Zamora — Madrid permite ligar diretamente ao TGV os dois maiores aeroportos do país e os seus maiores portos, o que representa um enorme avanço em termos de mobilidade de passageiros e de mercadorias”, argumenta a SEDES.

A associação entende também que “a proposta a Norte é aquela em que mais quilómetros são percorridos em território nacional e aquela que menos dependente está da construção de linhas novas em Espanha”.

A SEDES recorda que, em Trás-os-Montes, “em termos práticos”, não existe qualquer ferrovia e este percurso “desencravaria” a região “do isolamento e do despovoamento galopante a que tem vindo a ser condenada”.

Com este novo eixo interurbano a Norte, o paradigma da mobilidade na região Norte mudaria profundamente, permitindo movimentos pendulares em ambos os sentidos, contribuindo para uma melhoria dos serviços públicos, na medida em que fica facilitada a deslocação de profissionais especialmente relevantes para o desenvolvimento da região, nomeadamente nas áreas da justiça, da medicina, da educação e da cultura, e igualmente contribuindo para a decisão de muitas pessoas fixarem residência ao longo deste eixo por vontade pessoal, ou como alternativa de residência aos grandes centros caracterizados por elevados custos sociais de aglomeração, mesmo trabalhando nesses centros”, argumenta ainda a SEDES.

Ainda que não estabeleça prazos, o PFN, que está em discussão pública até terça-feira, tem um horizonte indicativo de conclusão até 2050.

O PFN plano prevê uma nova linha de caminho de ferro entre o Porto, Vila Real e Bragança, este último o único distrito do país sem comboio e onde têm surgido tomadas de posição contra a proposta por não contemplar a alta velocidade em ligação a Espanha.