A China criticou esta quinta-feira os Países Baixos por se juntar aos Estados Unidos na campanha para restringir o acesso do país asiático aos meios necessários para fabricar “chips” semicondutores, componentes essenciais na produção de alta tecnologia.

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Os semicondutores e a tecnologia necessária para a sua produção são cada vez mais sensíveis, à medida que Pequim tenta desenvolver a sua própria indústria de alta tecnologia, o que tem implicações militares.

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Em outubro passado, Washington bloqueou o acesso das empresas e entidades chinesas a tecnologia norte-americana utilizada no fabrico dos semicondutores mais avançados e está a pressionar os aliados europeus e asiáticos a aplicarem as mesmas restrições.

O ministro do Comércio neerlandês disse, numa carta enviada aos deputados na quarta-feira, que preocupações com a segurança nacional exigem controlos mais rígidos sobre as exportações de tecnologia que usa luz ultravioleta para gravar circuitos nos ‘chips’ mais avançados.

A firma ASML é o único fornecedor global deste tipo de tecnologia.

Com sede na cidade de Veldhoven, no sul, a firma é a única produtora mundial de máquinas que usam litografia ultravioleta extrema para fabricar ‘chips’ semicondutores avançados. O governo dos Países Baixos proibiu a ASML de exportar algumas das suas máquinas para a China em 2019, mas a empresa ainda vendia sistemas de litografia de qualidade inferior ao país asiático.

Uma porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros acusou um país de estar a tentar “salvaguardar a sua própria hegemonia”, abusando da segurança nacional como desculpa, para “privar a China do seu direito ao desenvolvimento”, numa referência aos Estados Unidos.

“Nós opomo-nos firmemente à interferência [dos Países Baixos] nas trocas económicas e comerciais normais entre empresas chinesas e holandesas”, disse a porta-voz Mao Ning.

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Acrescentou que Pequim “fez já reclamações” junto do lado neerlandês.

Mao apelou aos Países Baixos para “salvaguardarem a estabilidade da cadeia industrial e de fornecimento internacional”.

Analistas do setor dizem que a falta de acesso da China à tecnologia desenvolvida pela ASML constitui uma séria desvantagem nos esforços de Pequim para desenvolver uma indústria doméstica de ‘chips’. Os fornecedores chineses podem produzir componentes de baixo custo, usados em automóveis e na maioria dos bens eletrónicos, mas não aqueles que são usados em telemóveis, servidores e outros produtos.

O primeiro-ministro neerlandês, Mark Rutte, e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversaram em janeiro sobre as máquinas desenvolvidas pela ASML.

O equipamento de ultravioleta extremo da ASML usa luz para gravar circuitos microscopicamente precisos em silício, permitindo que os circuitos sejam agrupados mais próximos. Isto aumenta a sua velocidade e reduz o uso de energia.