Pode um jogador com 35 encontros oficiais e quase um golo de média por jogo ser alvo de comentários que apontem quase para “crise”? Quase sempre, nem pensar. Normalmente, não. No caso de Erling Haaland, até por isso. Não que os números sejam maus, não que o rendimento esteja abaixo do esperado, mas apenas por ter passado de máquina a goleador. Desde fevereiro, o avançado norueguês marcou três golos e fez mais duas assistências em nove encontros, algo que nem mesmo a grande penalidade que deu a vitória com o Crystal Palace na última jornada da Premier League conseguiu contornar. Mas seria assim tão “mau”?

Os gigantes também têm dedos para copos de Crystal

“Não acho que exista nenhum problema com Haaland. Não ouvi nenhuma reclamação da equipa, não ouvi nenhuma reclamação do Erling nem de ninguém. A equipa está muito feliz com ele, ele está muito feliz por estar com a equipa, acho que está tudo bem…”, relativizava Kevin de Bruyne antes de mais uma “final” do Manchester City frente ao RB Leipzig, após o empate a um na Alemanha. “Antes diziam que nos faltava mais presença na grande área, agora dizem o contrário… Pode haver um pouco de tudo, os adversários já se conseguem organizar de uma outra forma. Essa é a principal diferença em relação à metade inicial da época, as equipas estão melhor preparadas”, acrescentava o médio belga perante a média de 1,2 golos até ao Mundial (23 golos em 18 jogos) e de 0,6 golos depois do Mundial (11 golos em 17 jogos) do número 9.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Pep Guardiola, esse, preocupa-se apenas com o adversário. ”O RB Leipzig é agressivo na pressão. Temos que achar os espaços para usar a qualidade dos nossos jogadores. Acho que será um ótimo jogo. São uma equipa estável e sou fã do que fazem. Quando vi o sorteio disse logo que o Leipzig era uma ótima equipa. Real Madrid, Liverpool, também são bons. Todas as equipas nesta fase são boas. Para ganhar campeonatos, a equipa tem de ter uma mentalidade vencedora. Podemos sofrer. Como o coletivo se comporta nessas alturas é um fator chave”, dizia. Sobre Haaland, mais do mesmo: é para ficar no Manchester City nas próximas épocas, é um jogador com um grande rendimento, é um elemento com margem de progressão. Faltou apenas acrescentar que se transformou já num dos maiores goleadores de sempre, neste caso falando de Champions.

Blaswich até começou por ganhar o duelo ao avançado norueguês, que conseguiu ser mais forte do que os centrais contrários lançado em profundidade por Aké mas viu o remate travado pelo guarda-redes contrário (11′). A ameaça estava deixada, a concretização não iria demorar muito mais. Na sequência de um penálti por mão de Heinrichs na área após canto, o norueguês inaugurou o marcador aos 22′ e bisou menos de dois minutos depois, numa má saída dos germânicos a partir de trás que teve um míssil de Kevin de Bruyne na trave e a recarga oportuna de Haaland para o 2-0 (24′). Blaswich fazia o que pedir numa equipa que estava perdida e mal saía do meio-campo, travando mais um do número 9 pouco depois da meia hora antes de poder apenas ver o hat-trick nos descontos do primeiro tempo, com Rúben Dias a ganhar pelo ar de cabeça, a bola a ser travada andando na linha e o alívio a bater em Haaland e a ir para a baliza (45+2′).

Em condições normais, a loja tinha fechado. Porque havia uma pausa, porque havia a possibilidade de o RB Leipzig poder reagrupar tropas, porque o próprio Manchester City tem demasiadas finais pela frente para gastar todas as munições numa batalha ganha. No entanto, e mesmo se acelerar em demasia, o festival de golos (e do norueguês) continuou: Gündogan aumentou para 4-0 num remate cruzado sem hipóteses (49′) e Erling Haaland marcou mais dois antes dos 60 minutos, em duas situações onde foi mais rápido, mais ágil e mais agressivo no ataque à bola após defesas incompletas para fazer o 6-0 (53′ e 57′). Aos 63′, com o estádio de pé e entre sorrisos com Pep Guardiola, foi substituído. Mas, afinal, a história já estava feita…

Haaland tornou-se o mais novo de sempre a chegar aos 30 golos na Liga dos Campeões e alcançou os 33 remates certeiros apenas em 25 encontros na prova, levando agora nesta temporada 39 golos em 35 jogos. E ainda houve uma cereja no topo do bolo, com De Bruyne a marcar o 7-0 com mais um grande remate de meia distância que ofereceu ao Manchester City a vitória europeia mais expressiva de sempre.