A corrida à liderança do Bloco de Esquerda está prestes a arrancar, com uma série de 21 debates entre as duas moções que se apresentam a votos na convenção de maio. Desses, só um será transmitido ao público geral. A candidatura dos críticos internos desafia Mariana Mortágua a alinhar em mais confrontos que não sejam organizados pelo próprio partido, mas a resposta é clara: o modelo já foi definido por unanimidade e não há margem para alterações.

Ao Observador, Pedro Soares, o porta-voz da moção que junta cerca de 400 assinaturas de vozes críticas da atual gestão do partido, lamenta que só esteja previsto um debate com transmissão para o público geral (será o último deste ciclo de confrontos, marcado para dia 2 de Abril, protagonizado pelo próprio e por Mariana Mortágua e a transmitir online pelo portal do Bloco, o “Esquerda.net”).

“Os debates internos respondem a um modelo habitual, e isso é normal, porque o debate tem de ser feito, em primeiro lugar, internamente. Mas ficar por aí é limitado”, aponta o ex-deputado e dirigente bloquista. “Certamente as temáticas que vamos abordar nesses debates interessam às pessoas em geral, às pessoas de esquerda, aos votantes do Bloco e à opinião pública”.

Ou seja, para a moção E seria “importante” que houvesse “um debate organizado por uma entidade jornalística, com moderação e organização profissional, que pusesse as duas propostas em confronto democrático e se tornasse claro o que está em causa”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

E Soares lança o desafio: “Partindo da ideia benigna de que agora começamos por estes porque são os debates internos, espero que a moção A e a Mariana Mortágua se disponham a fazer esse debate público. Estamos inteiramente abertos, disponíveis, achamos que é útil e uma prova de respeito pelas pessoas que não são do Bloco e querem saber o que está em causa nesta convenção”.

Até porque os críticos querem, sendo o Bloco “um partido com aspirações de ter capacidade de influenciar”, que a campanha interna ganhe uma “nova dinâmica” que não fique limitada aos debates à porta fechada. Mas, ao Observador, fonte do partido esclarece que essa porta estará fechada, até porque o modelo de debates foi aprovado pela Comissão Organizadora da Convenção, onde ambas as moções têm representação, e não terá havido nenhuma proposta diferente desta.

“Haverá debates entre moções em todo o país e um debate transmitido no “Esquerda.net”. Estes debates envolverão os aderentes do Bloco e o debate do “Esquerda.net” terá transmissão pública, como tem acontecido nas últimas Convenções“, remata a fonte bloquista.

Pedro Soares vai a cinco, moção de Mortágua diversifica protagonistas

O primeiro confronto acontecerá já este sábado e implicou uma viagem à Madeira — será lá, na sede do partido no Funchal, que Catarina Martins (em defesa da moção A, encabeçada por Mariana Mortágua) e Pedro Soares (que é o porta-voz da moção E, que junta críticos da linha atual do partido) irão começar o ciclo de debates.

Este será também um pontapé de saída para as eleições regionais da Madeira, uma vez que tanto Catarina Martins como Pedro Soares aproveitarão, horas antes, para visitar o Mercado dos Lavradores, no Funchal, ao lado do candidato bloquista, Roberto Almada.

Depois, haverá em tempo recorde (de 25 de março a 2 de abril) outros vinte: Pedro Soares, o rosto mais conhecido do lado dos críticos, vai estar em cinco (contra Catarina Martins, Mariana Mortágua — por duas vezes –, José Soeiro e Moisés Ferreira). Noutros debates, a moção dos críticos colocará na linha da frente o ex-deputado Carlos Matias, o professor Rui Cortes e o histórico bloquista Mário Tomé.

Já a moção A vai distribuir mais os debates pelos seus protagonistas: Mortágua estará em dois, mas a sua candidatura também será defendida por nomes como Marisa Matias, Jorge Costa, José Gusmão, José Manuel Pureza ou Luís Fazenda.

Texto atualizado com a informação de que ambas as moções têm assento da Comissão Organizadora da Convenção