O Deutsche Bank está sob forte pressão nos mercados financeiros esta sexta-feira, com as ações a derraparem até 12% e o custo dos contratos de seguro contra incumprimento do banco a saltar para máximos de quatro anos. O Deutsche Bank, que nos últimos anos tem promovido uma reestruturação para resolver as vulnerabilidades que há muito lhe são apontadas, está a ser o banco mais penalizado pelos receios dos investidores relativamente às possíveis consequências do aperto monetário rápido levado a cabo pelos bancos centrais.

Depois das semanas de pressão que levaram o Credit Suisse até à beira do colapso, acabando comprado pelo rival UBS numa operação patrocinada pelos supervisores suíços, o Deutsche Bank está a ver-se na mira dos investidores. O banco alemão não é o único a registar perdas significativas em bolsa, nesta sexta-feira, mas é de longe o que está a perder mais valor.

As ações europeias estão a cair 1,5%, duas horas e meia após a abertura da sessão, mas o sub-índice de ações de bancos está a perder mais de 4% – o Deutsche Bank já esteve a perder o triplo. É a terceira sessão negativa para o Deutsche Bank em bolsa, acumulando já uma perda de um quinto do seu valor em menos de um mês. O UBS segue a cair 8%.

Questionado pelos jornalistas já esta manhã, o governador do banco central alemão, Joachim Nagel, não fez comentários.

Outro sinal negativo para o banco, que em 2019 vendeu as operações de banca de retalho em Portugal aos espanhóis do Abanca, é que o preço dos “credit default swaps” – contratos que protegem o incumprimento da dívida emitida pelo banco – estão a saltar para os 173 pontos base, um “salto” face aos 142 pontos do dia anterior e um máximo de quatro anos.

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E, também, estão a desvalorizar-se no mercado os títulos de dívida AT1 emitidos pelo banco – um tipo de dívida subordinada que foi completamente anulada no Credit Suisse, levando os seus detentores a considerarem-se lesados e a avançar para tribunal.

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A agência Moody’s escreveu na quinta-feira, numa nota de análise, que está confiante de que as autoridades “irão ser bem sucedidas, de um modo geral” na contenção da turbulência que desde há algumas semanas assola a banca europeia e norte-americana. “Porém, num enquadramento económico incerto e com a confiança dos investidores a manter-se frágil, existe um risco de que as autoridades não sejam capazes de dominar a instabilidade atual sem que se produzam repercussões duradouras e potencialmente graves – no setor bancário e não só”, avisou a agência de rating.

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