Afinal, nem sempre o que parece é. Parecia que Sergio Pérez tinha todas as condições para lutar por uma vaga na primeira linha da grelha do Grande Prémio da Austrália mas uma saída de pista ainda na Q1 fez com que saísse da 20.ª e última posição para a corrida. Parecia que a questão dos pneus poderia ser um problema para Max Verstappen mas, em condições normais com piso seco, nunca o neerlandês deixou de ser o melhor em pista. Parecia que a Mercedes continuava um patamar atrás do que as principais equipas mas a colocação de George Russell e Lewis Hamilton no segundo e terceiros lugares mostrou uma outra história. Parecia que Fernando Alonso teria todas as condições para se bater com a Red Bull mas acabou por não passar do quarto posto surpreendido pelos Mercedes. Nem sempre o que parece é. E era isso que estava agora à prova.

Verstappen com pole, Pérez em último e o duelo Hamilton-Alonso a “escaldar” após o 3-0 de Russell: a qualificação para o GP da Austrália

“Penso que a última volta foi boa. Tem sido difícil colocar os pneus na janela certa durante todo o fim de semana. Estou muito feliz por ter conseguido a pole position, agora já só estou a pensar na corrida de amanhã. Temos um bom carro para a corrida mas tem sido complicado gerir os pneus. Será uma corrida interessante, sem dúvida”, comentou Verstappen. “Esta foi a qualificação onde ficámos mais perto da frente, a quatro décimas, e até à última tentativa estávamos ainda mais perto. Foi a melhor qualificação e o facto de não chover era o mais importante. Agora que temos um carro bom, não queríamos uma surpresa ou uma lotaria. Com Checo [Sergio Pérez] de fora, podemos ganhar-lhe pontos no campeonato. De forma geral, foi um bom dia. Mercedes? Querem deixar este carro e queixam-se tanto mas já estão rápidos. Estavam escondidos. Quando estivermos a meio do ano de certeza que estarão a ganhar corridas como fizeram o ano passado com Russell no Brasil”, apontou Alonso, voltando a colocar o foco das “farpas” na Mercedes.

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“Não estávamos nada à espera de um resultado assim, isso é certo. Que sessão! Senti o carro vivo e para ser honesto estou um pouco desapontado por não ter conseguido a pole position quando o carro estava fantástico. Mas aceitámos. Estou entusiasmado para amanhã [domingo] e muito, muito feliz por ter conseguido um P2″, destacou Russell. “Estou tão feliz com este resultado, isto foi totalmente inesperado. Estou muito orgulhoso de toda a equipa. É como um sonho para nós. Estar tão perto da Red Bull é incrível. Objetivo para amanhã? Acabar em primeiro”, salientou Hamilton no final da qualificação.

Mais uma vez, nem sempre o que parece é. E se o pódio da corrida no Albert Park em Melbourne terminou com vários pontos de contacto com o que se tinha passado na qualificação, com os quatro primeiros a serem cinco dos melhores tempos (a exceção foi George Russell), a corrida trouxe outros obstáculos mais difíceis a todos a começar pela largada e pela amostra que ainda deixou de uma prova muito diferente.

O arranque de Max Verstappen não tinha deixado de ser mau, o arranque dos Mercedes foi demolidor com Russell a aproveitar a primeira curva para a direita para assumir a liderança e também Hamilton a conseguir passar o neerlandês que na segunda curva estava “apertado” pela concorrência. Alonso, que andava por fora a tentar algo mais, acabou por cair na quinta posição mas quem ficou logo com a prova arruinada foi Charles Leclerc, que saiu disparado para a gravilha sem que inicialmente se tivesse percebido o que acontecera mas dando para ver depois que levou um toque de Lance Stroll quando fazia a curva por fora e saiu direto. Havia menos um Ferrari em pista, Sainz estava em quarto e eram os Mercedes que estavam à frente.

Dez voltas depois e em virtude da primeira bandeira vermelha depois de uma saída de pista de Alexander Albon, mais um arranque clássico, menos alterações nos primeiros lugares numa fase em que George Russell tinha ido às boxes e ocupava a sétima posição (passou para quinto) e liderança para Lewis Hamilton, com a surpresa Pierre Gasly a conseguir colocar-se de forma efetiva no quarto posto até ver Russell a ocupar essa posição antes de terminar com a parte de trás do carro em chamas e fora da corrida. Aí, a corrida parecia ter estabilizado de vez mas o pneu traseiro direito de Kevin Magnussen, que saiu do seu Haas antes que pudesse encostar o carro numa outra zona, levou a nova bandeira vermelha e outro arranque clássico.

Max Verstappen tinha a vitória controlada e enfrentava agora uma cenário mais complicado embora tivesse só mais duas voltas pelas frente. No fundo, era uma questão de partir melhor e gerir, como viria mesmo a acontecer. Aí, o que pareceu foi. Em tudo o resto, o que parecia deixou de ser: Hamilton conseguiu sair bem e colocar-se na zona a salvo mas Fernando Alonso, que ainda tentava um lugar mais acima no pódio, foi tocado por Carlos Sainz e quase saiu de pista tal como o companheiro Lance Stroll, ao passo que os dois Alpine acabaram encostados à parede deixando várias peças perdidas no asfalto após baterem entre eles. Até Pérez, que saindo da última posição estava em sétimo, fez a curva inicial em frente e estragou a prova. Mais de duas horas e meia depois, atrás do safety car, Max Verstappen tinha a sua volta da consagração com o primeiro triunfo de sempre na Austrália, neste caso à frente de Lewis Hamilton e Fernando Alonso.

Com este pódio a juntar três atuais e antigos campeões da Fórmula 1, Max Verstappen reforçou a liderança do Mundial com 69 pontos (duas vitórias, um segundo lugar), mais 15 do que o companheiro da Red Bull Sergio Pérez que conseguiu ainda recuperar até à quinta posição. Fernando Alonso está na terceira posição com 45 pontos, agora seguido por Lewis Hamilton (38). Carlos Sainz, que com a penalização desceu para o 12.º lugar da corrida, está em quinto com 20 pontos, bem melhor do que Charles Leclerc (seis).